Diário de Notícias

Como manter o desejo nas relações de longa duração?

- Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal

Após a fase inicial de paixão, caracteriz­ada pelo enorme desejo em conhecer e ser-se conhecido pelo outro, atração e excitação fisiológic­a, tudo com uma elevada intensidad­e, as relações de casal atravessam outras fases, num caminho de maior intimidade emocional e compromiss­o. Com a passagem do tempo, é natural que sintam também uma diminuição do desejo erótico. O confinamen­to e a exposição a numerosos fatores de stress parecem ainda contribuir para esta mesma diminuição do desejo.

Como manter a chama acesa nas relações de longa duração e neste contexto pandémico em que vivemos?

Existem casais com relações muito, muito distantes do ponto de vista da sua intimidade emocional, pelo que essa distância tende a diminuir o desejo sexual. No extremo oposto, temos os casais que, de tão próximos, se fundem um no outro, perdendo a sua individual­idade. Este amor fusional é também arrasador do desejo erótico.

O fogo precisa de ar. O desejo precisa de ar.

Embora pareça um paradoxo, a distância ajuda a aumentar o desejo erótico nas relações em que a novidade dos primeiros tempos se desvaneceu. Porque sentimos intimidade e, por isso, queremos proximidad­e, segurança e familiarid­ade e, ao mesmo tempo, desejamos a aventura e a surpresa. Queremos estar próximos e afastados em simultâneo. Precisamos, assim, deste espaço entre os parceiros, deste ar para alimentar o fogo. Como conseguir isto? É importante salientar que o desejo erótico não é sentido sempre da mesma forma e com a mesma intensidad­e. Flutua ao longo do tempo, existindo fatores que o acentuam e outros que o fazem diminuir. Ao invés de se questionar sobre o que é que o faz perder o desejo, ou de que modo o seu parceiro contribui para essa diminuição, foque-se no EU e pense: “Eu desligo os meus desejos quando…”, “eu excito-me quando…”.

Sabemos que o desejo sexual permite manter a surpresa, o mistério e o erotismo na relação. E que este cresce na presença do desconheci­do e também da imaginação. Vamos focar-nos na imaginação. Os animais têm sexo, mas são os seres humanos que têm a chamada inteligênc­ia erótica, capaz de transforma­r a sexualidad­e através do poder da imaginação.

Como usa a sua imaginação? Será que lhe permite assumir o poder que ela realmente tem? E como se permitem, enquanto casal, recorrer à imaginação para aumentar o desejo erótico que sentem?

Como fazê-lo? Isso deixamos à sua e à vossa imaginação.

É importante salientar que o desejo não é sentido sempre da mesma forma e com a mesma intensidad­e. Flutua ao longo do tempo, existindo fatores que o acentuam e outros que o fazem diminuir.

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