Quantas pessoas tem à frente na fila para a vacinação? Há uma calculadora para lhe responder
Aleksandra é médica, esteve nove semanas no Porto e ficou com uma ligação a Portugal. A partir da Polónia, gere uma calculadora que indica a data provável de toma da vacina.
B “aseado no teu perfil há entre 2 952 513 e 7 910 743 pessoas à tua frente na fila de vacina contra a covid-19 em Portugal.” E com o atual ritmo de vacinação, a primeira dose não deverá ser tomada “antes de 8 de dezembro de 2021”.
É este o panorama previsível para um cidadão com 53 anos, que não faça parte de nenhum dos grupos prioritários, no que à toma da primeira dose da vacina diz respeito, de acordo com a Calculadora para a Fila de Vacinas contra a Covid-19 em Portugal. A autora é Aleksandra Zajac, uma médica polaca formada na Universidade de Varsóvia e que em 2019 esteve nove semanas em Portugal ao abrigo do programa Erasmus+. Durante esse período esteve quatro semanas no departamento de cirurgia vascular do Hospital Geral de Santo António, no Porto, e cinco no departamento de ortopedia.
Aleksandra Zajac é o “rosto” para Portugal do projeto www.omnicalculator.com, que já colocou online 1600 calculadoras em que se pode fazer cálculos de inúmeros temas, seja desportivos ou sobre o consumo de eletricidade, passando por vertentes de matemática ou física.
A ferramenta específica sobre a fila para a vacinação em Portugal (www.omnicalculator.com/all/fila-portugal) surgiu, contou ao DN, quando começaram as notícias sobre o processo de vacinação. “Temos a vacina, mas quando vou poder receber? Quando é que os meus pais vão poder sentir-se seguros? Quais as hipóteses de ter férias neste ano?” Estas são algumas das perguntas que lhe surgiram e às quais pretende responder com esta ferramenta.
Respostas difíceis de obter numa altura em que a própria disponibilidade de vacinas não é certa devido à dificuldade assumida por parte das farmacêuticas com vacinas já aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (Pfizer, Moderna e AstraZeneca). Por isso, Aleksandra – que contou com a ajuda do colega Steve Wooding, que foi o “autor da primeira calculadora para vacinas no Reino Unido em 2020, ainda antes do Brexit” – vai atualizando o site de acordo com as alterações que o plano de vacinação for tendo.
“Todos os dias faço atualizações do ritmo de vacinação e também sigo as notícias sobre como está a decorrer”, explicou, acrescentando que o “objetivo desta calculadora é ajudar as pessoas a perceber a matemática por trás das vacinas e quanto tempo irá demorar a vacinar todas as pessoas em Portugal”. E Aleksandra Zajac garante que tenta ser o mais objetiva possível, a ponto de o algoritmo ser adequado a situações como a escassez de vacinas. “Claro, vou mudando o algoritmo para que os utilizadores tenham acesso aos resultados o mais precisos possível”, frisou. O que já aconteceu, por exemplo, com a calculadora disponível na Polónia.
“Sou autora com a minha colega Dominika Miszewska, que é estudante de Medicina. No nosso país é mais difícil, pois o plano de vacinação, no início, era muito geral. Tive de mudar algumas coisas e temos de ser cuidadosas, até porque na Polónia o ritmo de vacinação é muito menor do que previa o governo”, acrescentou.
Apesar de ser a única responsável do projeto para Portugal, esta médica faz parte do grupo que criou a Omni Calculator – “um conjunto de doutores, doutorandos, estudantes e cientistas que tentam fazer que a ciência seja compreensível, acessível e útil”, explica Aleksandra.
Neste site é também possível aceder a respostas relativas a dúvidas que ainda existem sobre a co
vid-19, incluindo a explicação sobre os grupos prioritários ou quem deve ou não ser vacinado. Para tal, o utilizador só tem de responder a algumas questões, como a idade, se trabalha ou vive num lar, qual a profissão ou se tem doenças associadas.
O gosto pelos pastéis de nata
A ligação de Aleksandra Zajac a Portugal surgiu em 2019, quando esteve nove semanas no nosso país. Ao abrigo do programa Erasmus+, a agora médica em Varsóvia trabalhou em dois departamentos do Hospital Geral de Santo António, no Porto. Cidade da qual diz ter boas recordações, mantendo a ligação a “uma família maravilhosa perto do bairro do Marquês”.
E diz estar orgulhosa de uma receita culinária que aprendeu nessas semanas: “Orgulho-me de fazer pastéis de nata, e faço-os frequentemente, pois não há na Polónia quem os faça. Também tenho saudades de Portugal, que não visitei no ano passado por causa da covid. Espero que neste ano o consiga fazer.”