“O ANTICOLONIALISMO VEM-ME DAS VÍSCERAS.” A LUTA DA VIDA DE MAMADOU BA
Atacado por ter considerado Marcelino da Mata um “torcionário”, Mamadou Ba defendeu-se recordando que um seu tio-avô senegalês também serviu uma potência colonial, França. Mas fê-lo no combate ao nazismo na Europa, disse. “Sobre a violência policial, que
Quando começou a luta antirracista de Mamadou Ba? Talvez, na verdade, muito antes de nascer. Foi o próprio quem o mostrou, há dias, numa longa nota no Facebook, na qual agradeceu as mensagens de solidariedade que recebeu nos últimos dias – uma “vaga de amor contra a torrente de ódio” dos 15 mil que assinaram uma petição pedindo a sua extradição para o país onde nasceu há 47 anos, o Senegal.
A pretensão é absurda porque Mamadou Ba tem nacionalidade portuguesa. Mas foi a resposta ao facto de o dirigente do SOS Racismo não ter tido papas na língua quando o CDS/PP propôs que a morte de Marcelino da Mata (negro português nascido na Guiné que combateu na Guerra Colonial o PAIGC, integrado no Exército Português) fosse assinalada com um dia de luto nacional.
Habituado a viver do cheiro da pólvora e avesso a qualquer tipo de prudência argumentativa, Mamadou disparou: “A proposta de luto nacional do CDS é uma afronta a todas e a todos nós que herdámos dos horrores do colonialismo. Qualquer tributo que se faz ao torcionário do regime colonial é um insulto à memória daquelas e daqueles que lutaram pela liberdade, até à última gota do seu sangue.” E para que não restasse mesmo dúvida nenhuma: “Marcelino da Mata é um criminoso de guerra que não merece respeito nem tributo nenhum.”
Na quinta-feira, o ativista – que o DN tentou, em vão, contactar – agradeceu as manifestações de solidariedade com um poema de Ana Hatherly.
O que é preciso é gente gente com dente gente que tenha dente que mostre o dente Gente que não seja decente nem docente nem docemente nem delicodocemente Gente com mente com sã mente que sinta que não mente que sinta o dente são e a mente Gente que enterre o dente que fira de unha e dente e mostre o dente potente ao prepotente.
Mas também disse que “ganhou o dia” quando, na sequência da polémica desencadeada pelas suas palavras sobre Marcelino da Mata, revelou que recebeu um telefonema de solidariedade de “um dos mais ilustres lutadores anticoloniais e dirigentes do PAIGC”, o ex-presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires.
Mais ainda: voltou a recordar que o seu combate antirracista e anticolonialista não lhe vem do nada. Tem raízes profundas nas suas próprias memórias familiares. Não foi só o pai, que foi correio do PAIGC e que “pedalava mais de 400 quilómetros entre a Guiné-Bissau e a Gâmbia, atravessando o Senegal para ir buscar mantimentos para os combatentes do PAIGC”.
Os africanos na II Guerra
Foi também a de um tio-avô, Mamadou Hady Ba, que integrou o contingente oriundo do Senegal (então uma colónia francesa) que,