“Se calhar Rui Rio devia era ter envolvido os outros candidatos à liderança do PSD, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz [nas eleições autárquicas].”
Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz...
E a possibilidade de Santana Lopes voltar a encabeçar uma lista do PSD parece-lhe bem?
O Dr. Pedro Santana Lopes é um ativo do centro-direita e é uma pessoa que eu gostava muito de ver regressar à família social-democrata. E ele também tem afirmado publicamente que se houve função que lhe deu gozo foi a autárquica, e seria um desperdício não encontrar maneira de juntar as duas vontades. Tem currículo em duas câmaras, onde fez transformações tremendas nas cidades.
Como vê as críticas contundentes de Rui Rio a Carlos Carreiras, o anterior coordenador autárquico do PSD, a quem acusou de ter sido o obreiro do desaire eleitoral de 2017?
O Dr. Rui Rio devia ter distinguido dois planos. Um em que Carlos Carreiras deve ser reconhecido como um dos melhores autarcas que o PSD tem, está nomeado para o lugar de melhor autarca não só português como mundial pelo trabalho desenvolvido por ele e pela sua equipa em Cascais, e é brilhante. Outro é o de coordenador autárquico das últimas eleições, e os números falam por si. Não foi uma boa coordenação autárquica nem um bom processo autárquico, já que o PSD teve dos piores resultados de sempre.
As novas regras de controlo financeiro muito apertado da campanha das autárquicas imposta pela direção são aceitáveis e exequíveis? Isto surge porque tem havido em todas as campanhas dívidas grandes de companheiros de partido que não respeitaram as regras em vigor. Não sou fã da proposta porque acho que tem de haver uma responsabilização das candidaturas, mas até agora o partido é que tem acabado por assumir a responsabilidade das dívidas. Acho que algum nível de controlo tem de ser imposto.
O PSD está a negociar com o CDS acordos para as autárquicas. Em Lisboa os centristas deviam liderar a lista?
Acho que o critério que devia ser usado é o das últimas eleições, que foram as legislativas, em que o PSD teve um muito melhor resultado em Lisboa e deve liderar essa lista. Este é o segundo erro de Rui Rio. Sou favorável a que o PSD se apresente sem coligações, mas se o tiver de fazer elas devem ser o mais abrangentes possível, incluindo com os partidos e todas as forças não socialistas. E isso implica o PAN, a Iniciativa Liberal, até o Chega, o CDS e os movimentos independentes locais. Porque nas autárquicas, ao contrário das legislativas, não dá para fazer acordos eleitorais no dia seguinte, é presidente de câmara quem tiver mais um voto e, portanto, não se devem desperdiçar votos nos momentos em que se quer retirar câmaras.