Diário de Notícias

Os protagonis­tas do golpe

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Antonio Tejero

É o operaciona­l de serviço, o homem que irrompe de pistola na mão no Congresso dos Deputados “em nome do rei” e dá ordens para os representa­ntes se subjugarem. Meses antes, o tenente-coronel da Guarda Civil tinha sido preso por planear o sequestro do governo. Cumpriu 15 anos na prisão e hoje tem 88 anos.

Alfonso Armada

O antigo instrutor militar de Juan Carlos e ex-secretário-geral do rei foi condenado a 30 anos pelo seu papel no golpe (embora só tenha cumprido cinco), mas fica até hoje por saber se este general falecido em 2013 agiu em nome do rei ou em causa própria.

Adolfo Suárez

O primeiro-ministro estava nos últimos minutos do seu governo quando desafiou as ordens dos militares e se manteve no lugar. Nas horas seguintes revelou uma coragem e um sentido de missão raros. Morreu em 2014.

Gutiérrez Mellado

Centenas de milhares de pessoas voltaram ontem a sair às ruas das principais cidades da Birmânia, naquele que foi o maior protesto desde o golpe de 1 de fevereiro. Os manifestan­tes desafiaram claramente as ordens dos militares que no início do mês voltaram a assumir o poder, afastando e detendo os líderes civis, a começar por Aung San Suu Kyi, a líder de facto do país e dirigente da Liga Nacional pela Democracia (LND). Foram muitos os negócios que ontem estiveram fechados, com os funcionári­os a juntarem-se à greve geral convocada pelos grupos pró-democracia e aos protestos, apesar de os militares já terem feito saber que quem se manifestar nas ruas está a arriscar a própria vida. Apesar de esta ameaça deixar no ar a possibilid­ade de os protestos degenerare­m em violência, ao final do dia estes mantinham-se pacíficos.

Os manifestan­tes exigem o regresso à democracia e a libertação de Suu Kyi e dos restantes dirigentes da LND, inclusive do presidente Win Myint, detido também no dia do golpe. “Não queremos a Junta, queremos democracia. Queremos criar o nosso próprio futuro”, afirmou à Reuters um dos manifestan­tes, Htet Htet Hlaing.

Num comunicado divulgado na televisão estatal, os militares acusaram os manifestan­tes de “estarem agora a incitar as pessoas, especialme­nte adolescent­es e jovens emocionalm­ente mais frágeis, a enveredar pelo caminho do confronto no qual arriscam perder a vida”. O aviso dos militares levou o Facebook a remover as páginas da televisão estatal MRTV por violarem as regras que proíbem a “incitação à violência”.

Os protestos têm-se repetido quase todos os dias desde 1 de fevereiro. Maioritari­amente pacíficas, as manifestaç­ões de sábado acabaram por registar dois mortos. Na capital, Naypyitaw, já foram detidas mais de uma centena de pessoas.

A jornada de protestos de ontem foi chamada Revolução 22222, por ter decorrido no dia 22 de fevereiro, tendo sido comparada às manifestaç­ões de 8 de agosto de 1988 – a revolta 8888 – quando a Birmânia viveu os seus protestos mais violentos. Na altura, os militares carregaram contra os manifestan­tes, matando centenas de pessoas.

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