Diário de Notícias

Estado de emergência Marcelo e Costa mantêm confinamen­to geral sem alterações

Com a exceção do PS, todos os partidos pedem ao governo um plano de desconfina­mento gradual. Mas para já nada muda. Escolas continuam fechadas.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Hoje à noite, terminada mais uma ronda de audiências aos partidos parlamenta­res, o Presidente da República enviará ao Parlamento mais um decreto renovando por mais duas semanas o estado de emergência. O debate na Assembleia da República (AR) será na quinta-feira, esperando-se nova aprovação, pelo menos com os votos a favor de PS, PSD e PAN.

Com os números da pandemia a regressare­m aos valores anteriores à vaga que se iniciou após o Natal, vão-se multiplica­ndo as vozes no espaço público pedindo que o desconfina­mento comece, nomeadamen­te com o regresso do ensino presencial no pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico. Também há quem, como o deputado do Chega AndréVentu­ra, fale na reabertura já do “comércio mais pequeno”, designadam­ente cafés, restaurant­es e cabeleirei­ros.

Ontem, o Presidente começou a receber os partidos com assento parlamenta­r e terá dito nessas audiências – por videoconfe­rência e à “porta fechada” – que tenciona hoje renovar o decreto do estado de emergência de há 15 dias sem lhe introduzir qualquer alteração.

Sendo assim, isso poderá significar que o Presidente voltará a pedir ao governo que prepare um plano de reabertura gradual das escolas – uma exigência que António Costa ignorou há quinze dias. Também é possível que Marcelo volte a insistir com o governo para que mude a Lei do Ruído por forma a proteger quem está a trabalhar em casa – outra exigência ignorada pelo executivo no decreto presidenci­al de há 15 dias.

Ontem, o Presidente da República falou com a IL, o Chega, o PEV, o PAN, o CDS e o PCP.

João Cotrim Figueiredo, da IL, confirmou que a intenção do Presidente para os próximos 15 dias é não mexer em nada – levando mesmo o confinamen­to geral até final de março (tal como, aliás, Marcelo e António Costa já prometeram).

“O facto de o Presidente da República não sentir que haja nem dados no Infarmed nem, contrariam­ente ao que é habitual, feedback por parte do governo para introduzir coisas novas ou retirar coisas do decreto dá-nos a entender que anda tudo aqui um bocadinho a tentar adormecer a situação porque já tomaram a decisão política de só desconfina­r no final do março”, afirmou.

Cotrim Figueiredo foi apenas uma das vozes políticas que ontem repetiram exigências ao governo para que comece a preparar o desconfina­mento. AndréVentu­ra também exige um plano. E o PSD já o tinha feito, na segunda-feira, através do deputado Maló de Abreu: “Fazemos um apelo para que este planeament­o do pós-confinamen­to seja um planeament­o feito rapidament­e, de modo que os portuguese­s saibam com tempo o que se vai passar nas suas vidas.”

O CDS também está alinhado pelo mesmo diapasão, exigindo ao governo, como ontem disse o líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, “um calendário transparen­te e previsível sobre a evolução das regras de saúde pública nos próximos três meses, para que se dê início a uma desconfina­mento progressiv­o e gradual nas áreas da educação, nos contactos sociais, nos negócios e nas atividades, nos eventos e também nas viagens”.

Já o PCP – que se opõe desde o início à aprovação dos estados de emergência – insiste “que o confinamen­to tem de ser entendido como uma medida de exceção e não como solução duradoura”. E também insiste na necessidad­e de se ir planeando a reabertura das escolas: “Desde o princípio que admitimos que as escolas fossem encerradas numa situação que não se prolongass­e no tempo. Hoje está provado que as escolas não são foco da epidemia, é necessária uma planificaç­ão, que inclua reforço dos meios escolares.”

E assim, o único partido que parece sintonizad­o com a retórica do governo (tirando o PS, claro) é o PAN. “Penso que a narrativa não deve estar virada para o desconfina­mento”, disse ontem André Silva. Mas logo acrescenta­ndo: “Esperamos que, desta vez, o governo esteja a preparar um plano de saída robusto e gradual do confinamen­to.”

“Temos de manter o estado de emergência e o confinamen­to, como os atuais [...] e apontar para prosseguir março fora no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa.” Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República “Se esse esforço se inverter, voltaremos a atingir números de incidência e números de risco de transmissã­o que não são compatívei­s com o que precisamos de garantir.” Marta Temido Ministra da Saúde “Parece que o país adormeceu, parece que não há urgência. Não se pode gerir uma pandemia deste tipo só a pensar no aspeto sanitário. Vai-nos custar muito caro durante muito tempo.” João Cotrim Figueiredo Deputado da Iniciativa Liberal “Penso que a narrativa não deve estar virada para o desconfina­mento. Esperamos que desta vez o governo esteja a preparar um plano de saída gradual do confinamen­to.” André Silva Deputado do PAN

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O coro de vozes que pedem o regresso do ensino presencial está a aumentar.

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