Identificado o autor de falso plano governamental para o desconfinamento
Consultor do Porto criou documento que governo foi obrigado a desmentir. “Este não é o momento do desconfinamento.”
Tem sido uma semana de verdadeira “caça aos gambozinos” nas redações portuguesas. Na quarta-feira as redes sociais começaram a fervilhar com a (falsa) notícia da morte do cubano Alfredo Quintana, guarda-redes de andebol do FC Porto, que está desde segunda-feira internado no Hospital de São João, em estado muito grave, vítima de uma paragem cardiorrespiratória num treino. A Federação Cubana de Andebol lamentou a “morte”.
Ontem, o caso foi na política. A partir do meio da manhã muitos jornalistas começaram a receber nos respetivos WhatsApp um suposto plano de desconfinamento preparado pelo governo. O “plano” – falso – previa medidas de março a maio e o grafismo copiava o dos documentos oficiais que o governo tem vindo a divulgar com as regras de mitigação da pandemia de covid-19.
Comunicação ao MP
Os assessores governamentais começaram a ser bombardeados com telefonemas perguntando pela veracidade (ou não) do documento e, pelas 12h30, o gabinete do primeiro-ministro divulgava um desmentido oficial. Tratava-se de um “documento falso” que “consiste numa adulteração abusiva da tabela de desconfinamento divulgada em abril do ano passado”.
E acrescentava que “este documento não tem qualquer veracidade, não é da autoria do governo nem se baseia em qualquer trabalho preparatório, pelo que às informações constantes do mesmo não deve ser atribuída qualquer credibilidade”, estando decidido que a falsificação seria “objeto de comunicação ao Ministério Público”.
Depois, o Observador eo Expresso noticiaram que o autor do documento se chama Carlos Macedo e Cunha, consultor e colaborador ocasional do Observador e também, em tempos, do jornal Público.
Falando ao Expresso e ao Observador, Macedo e Cunha reconheceu a autoria do documento. Segundo contou, tratou-se originalmente de uma proposta que ele e um grupo de amigos enviariam ao governo. O documento foi partilhado dentro desse grupo de amigos, mas depois circulou para fora e “indevidamente” colocaram-lhe o logótipo do governo, o que o fez parecer um documento oficial.
O governo, pelo seu lado, aproveitou o caso para assegurar que se encontra “a preparar os futuros passos de desconfinamento, que serão dados em devido tempo, em articulação com a estratégia de testagem e o plano de vacinação”. Por ora, porém, “é inoportuno proceder nesta fase a qualquer apresentação ou discussão pública sobre o tema”. “Este não é ainda o momento do desconfinamento.”
“Conhecemos bem a história deste ano de pandemia. Não cometeremos os mesmos erros. E temos a esperança, a esperança não, a certeza de que, se formos sensatos, o pior já passou.” Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República
“Verifica-se uma intervenção essencialmente pedagógica das forças de segurança. O confinamento não se traduziu num aumento da tensão.” Eduardo Cabrita Ministro da Administração Interna
“O PSD não embarca em imprudências. Não exige qualquer desconfinamento. Mas exige que o governo governe, faça o seu trabalho e saiba indicar um caminho aos portugueses.” André Coelho Lima Deputado do PSD
“A situação nacional continua a ser muito difícil, mas continua a ter os recursos necessários para ultrapassar as dificuldades, havendo vontade para uma política alternativa.” João Oliveira Líder parlamentar do PCP