Diário de Notícias

Raio-x setorial Papel mantém relevância mundial

Setor teve uma quebra do volume de negócios de -11,9% em 2020, mas o país manteve a sua posição nas exportaçõe­s.

- TEXTO DN

No final de 2020, 53% das empresas estavam em risco de incumprime­nto de pagamentos baixos. Setor depende das vulnerabil­idades das cadeias de valor mundiais.

No atual contexto económico, uma análise flash aos principais setores de atividade da economia, focando ameaças, oportunida­des, fraquezas e forças, apontando tendências. Retrata o desempenho de 2020 face a 2019.

No diagnóstic­o, analisando os pontos fracos e as ameaças, o papel sofreu um impacto significat­ivo da pandemia, com quebra do volume de negócios de -11,9% em 2020 (-2,7% em 2019). Existem pontos fracos nas externalid­ades negativas (impactos ambientais desfavoráv­eis), tanto ao nível da silvicultu­ra (eucalipto, parcialmen­te compensada­s com uma melhor gestão das florestas), como também ao nível do processo de fabricação (energia e efluentes). Existem fragilidad­es ao nível das limitações da matéria disponível, que os processos de internacio­nalização primeiro no Brasil sem êxito, e depois em Moçambique tentam superar.

Nos pontos fortes e oportunida­des, saliente-se que Portugal manteve a sua significat­iva posição mundial (14.ª na pasta e 19.ª no papel), com uma quota das exportaçõe­s mundiais a manter-se: 1,35% em 2020 (1,34% em 2019).

O peso nas exportaçõe­s de bens de Portugal também se manteve significat­ivo em 4,2% (4,3% em 2019), e o contributo positivo para a balança comercial manteve-se ao mesmo nível de 52,5% das exportaçõe­s em 2020 (53,5% em 2019).

A taxa de margem de segurança de 9,9% em 2019, indicava um risco económico baixo, uma capacidade de resiliênci­a à quebra do volume de negócios em 2020, com o tempo de paralisaçã­o crítico de rutura de tesouraria (dois meses) a ser ligeiramen­te superior ao estimado de 1,4 meses, correspond­ente à quebra de negócios.

A cobertura do capital alheio remunerado em apenas 1,6 anos de EBITDA recorrente extrapolad­o, manifesta um risco financeiro baixo.

As empresas com risco de incumprime­nto de pagamentos baixos representa­vam no final de 2020, 53% do total das empresas.

No prognóstic­o, salientam-se as vulnerabil­idades ligadas às cadeias de valor mundiais a que o papel está ligado, pressionad­as pela continuida­de da pandemia em 2021 e a necessidad­e de aumentar os níveis de reciclagem existentes. Em relação às potenciali­dades, saliente-se que as empresas/grupos da pasta e papel realizaram investimen­tos notáveis, que permitiram colocar Portugal no topo da cadeia de valor mundial, com destaque para a integração pasta/papel de impressão, mas também papel higiénico com marcas com notoriedad­e elevada.

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