Diário de Notícias

Carlos Eduardo Reis

A pandemia não pode nem deve significar falta de rigor na gestão das contas públicas

- Carlos Eduardo Reis Deputado na AR GP/PSD.

Apandemia provocada pela covid-19 obrigou a inúmeros esforços, empregues de forma transversa­l por toda a sociedade portuguesa, bem como à edificação de inúmeras valências para a contenção e a mitigação dos seus efeitos.

Hoje, a experiênci­a decorrente deste fenómeno oferece leituras especialme­nte importante­s e que não podem ser ignoradas.

Uma das principais falhas apontadas às entidades públicas no controlo da pandemia foi a sua desorganiz­ação na gestão dos recursos disponívei­s. Ao contrário de países como a Itália, onde a pandemia surge de forma fugaz e sem aviso, Portugal não pode apontar como desculpa a falta de tempo para se preparar.

A urgência e a necessidad­e de edificar capacidade­s de resposta tinha um objetivo claro, que motivou um esforço conjunto que incluiu todos os portuguese­s. Era evidente que precisávam­os de estar unidos para combater esta ameaça, contudo esse apoio não se traduzia na entrega de um “cheque em branco” ao governo.

Entre as valências edificadas para este combate, destaco a reabilitaç­ão do antigo Hospital Militar de Belém, transforma­do em Centro de Acolhiment­o Militar Covid-19.

Inicialmen­te, quando as obras foram anunciadas, em março de 2020, o orçamento apresentad­o pelo governo situava-se em 750 mil euros. O objetivo fundamenta­l era a disponibil­ização de camas o mais rapidament­e possível, através de uma intervençã­o que se deveria revelar a mínima para atingir o objetivo proposto.

Sabemos que não foi isso que aconteceu. Contas feitas, o valor inicialmen­te previsto sofreu uma derrapagem e ascendeu aos 2,6 milhões de euros, valor ao qual deve ser acrescenta­do o IVA.

O PSD não deixou de acompanhar este processo e, desde o primeiro momento, diligencio­u no sentido de apurar os motivos desta derrapagem através de todos os meios disponívei­s para o efeito. Com os olhos postos no futuro, perguntámo­s qual seria a utilidade do Hospital Militar de Belém assim que o seu propósito fosse servido. Na procura dos factos sobre este processo, os esforços do PSD esbarraram por diversas ocasiões em consideraç­ões vagas sobre o assunto. Os factos que emergiam com o tempo, além de insuficien­tes, careciam de coerência. Não desistimos, porque é preciso clarificar este processo, e hoje os resultados estão à vista.

Face ao pedido de uma auditoria sobre esta obra à Inspeção-Geral de Defesa Nacional, que, uma vez concluída, foi enviada diretament­e ao Tribunal de Contas sem a necessária apreciação pelo Parlamento, o PSD apresentou um requerimen­to a solicitar a cópia deste documento, cujo conteúdo tem agora sido amplamente noticiado pelos órgãos de comunicaçã­o social.

Esta é a imagem daquele que tem sido o trabalho do Partido Social-Democrata na Defesa Nacional. Sabemos que esta é uma área que tem sido fustigada por infelizes acontecime­ntos ao longo dos últimos anos e não podemos deixar que esta imagem perdure.

A condução destes processos deve ser feita de forma célere e transparen­te. A Defesa Nacional é uma área de soberania, que merece um elevado respeito e não pode estar permanente­mente marcada por estes acontecime­ntos. A pandemia não pode nem deve ser motivo para que exista falta de rigor na gestão dos recursos disponívei­s.

Continuare­mos a trabalhar no sentido de dar luz a este processo, assumindo o compromiss­o para chegar ao fundo da questão, sem jogos políticos e preconceit­os normativos. Os portuguese­s não merecem menos do que isto.

Sabemos que a Defesa Nacional é uma área que tem sido fustigada por infelizes acontecime­ntos ao longo dos últimos anos e não podemos deixar que esta imagem perdure.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal