MOÇAMBIQUE
Os militares reconquistaram Palma, mas a população receia o regresso dos jihadistas, que em 24 de março atacaram a vila e mataram dezenas de pessoas.
Apopulação de Palma está a tentar recompor-se, mas a vida estagnou na cidade e os habitantes sentem-se prisioneiros, entre casas destruídas e pilhadas, familiares desaparecidos, a fome a crescer e a sensação de abandono.
Palma está praticamente deserta. Os habitantes que permaneceram estão concentrados na entrada da cidade ou na avenida principal, esta já com vestígios do comércio de rua típico, mas quase não há clientes. O panorama é o mesmo por toda a cidade: edifícios pilhados e incendiados, o cheiro constante a madeira, plástico e eletricidade queimados, silêncio apenas interrompido pela passagem dos veículos dos militares, e uma mescla constante de calma e nervosismo.
Os militares reconquistaram Palma, mas a população receia o regresso dos jihadistas, que em 24 de março atacaram a vila e mataram dezenas de pessoas.
Junto a um autocarro, estacionado perto do principal cruzamento de Palma, um pequeno grupo de pessoas carrega sacos com arroz. Entre elas está Chacur Ali, 32 anos, com um saco com comida na cabeça. À Lusa contou que está “a viver na rua” e com “muito sofrimento”. Fugiu de Palma quando a cidade foi invadida, mas quando regressou encontrou a casa queimada. “As pessoas desapareceram” e quando os jihadistas chegaram, Chacur Ali fugiu para o mar, assim como muitos outros habitantes, mas “muitas famílias e muitas pessoas morreram” enquanto tentavam fugir.
Ali recordou o pânico durante a fuga, com a população a entrar no mar a nado ou com canoas: “Tentamos assim mesmo, os que conseguiram atravessar [o mar], atravessaram, os que não conseguiram, não atravessaram”.
Chacur seguiu caminho, sem destino certo, já que, por agora, não tem casa onde regressar. Na visita a Palma, a Lusa soube em conversa com os militares que as pessoas ocuparam os poucos espaços que estão em condições de habitabilidade, incluindo os quartos de hotéis que não foram incendiados.
Mais à frente, Saide Amiss, de 26 anos, disse que até agora não soube da morte de familiares, mas não