Diário de Notícias

A estrada que liga Palma a Afungi está repleta de pequenos grupos que caminham em direção ao aeroporto, na esperança de entrarem num dos voos humanitári­os para Pemba. Pelo caminho, algumas pessoas pernoitam em casa abandonada­s ou estruturas semidestru­ídas

-

do grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, a seis km dos multimilio­nários projetos de gás natural.

Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitári­a que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de segundo dados da ONU.

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindico­u na segunda-feira o controlo de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, mas as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as reassumira­m completame­nte o controlo da vila, uma informação entretanto confirmada pelo presidente Filipe Nyusi.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgente­s, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunho­s que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenário­s na zona.

O PAM está a procurar formas seguras de assistir as pessoas em redor de Palma e do projeto de gás do norte de Moçambique, onde se estima que permaneçam refugiadas milhares sem comida. “Há pessoas com necessidad­e urgente de assistênci­a humanitári­a em Palma, Quitunda e Afungi” e o PAM “está a conduzir avaliações de segurança e procurando canais humanitári­os seguros para poder fornecer assistênci­a que salva vidas [de emergência] às pessoas nessas áreas”, acrescento­u fonte da instituiçã­o. Segundo dados divulgados pela OIM, estima-se que haja 23.000 pessoas na área em redor do recinto da Total, mas “não há um número exato, confirmado, nesse local”.

Número de mortos pode ser maior devido aos raptos

O número de mortos durante os ataques de 24 de março a Palma ainda é indetermin­ado porque “uma boa parte dos populares foram raptados” e acabaram por ser mortos, mas ainda não foram encontrado­s, disse fonte militar. “Queremos o mais esclarecer essa situação, mas vai levar tempo, dada a natureza em que a coisa se desenrolou”, disse o porta-voz do Teatro Operaciona­l Norte, Chongo Vidigal, após visita a Palma.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal