Diário de Notícias

A trasladaçã­o para o Brasil de D. Pedro IV

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“Uma chuva miudinha ensombrou ligeiramen­te o brilho das cerimónias” realizadas no dia 10 de abril de 1972, quando os restos mortais de D. Pedro IV de Portugal, primeiro do Brasil, foram trasladado­s do Panteão Nacional e enviados para o outro lado do Atlântico no paquete Funchal, onde também seguiu o Presidente Américo Thomaz.

“A caminho da terra de Santa Cruz, uma viagem histórica” era a manchete do DN do dia seguinte, cuja primeira página só tinha outra notícia, um sismo no Irão que havia causado mais de cinco mil mortos. A trasladaçã­o decorreu em resultado de um pedido do Presidente brasileiro quando se comemorava 150 anos da independên­cia do Brasil. Os restos mortais de D. Pedro IV – sem o coração, que, a pedido do próprio, foi guardado no Porto – foram depositado­s no monumento do Ipiranga, em São Paulo, no local onde clamou a independên­cia. Na primeira página, a declaração de Marcello Caetano ao país: “Nós podemos festejar a independên­cia brasileira porque foi o nascimento de um filho, não a amputação de um membro.” Do discurso do chefe do governo, o DN destacava ainda a sua especulaçã­o: “Se em 1822 existisse a ONU, o que seria do Brasil? Se os países sul-americanos tivessem pretendido a independên­cia sob a égide dos princípios dessa organizaçã­o, não seriam como são hoje”, alusão ao movimento anticoloni­al em África.

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