INVESTIGAÇÃO
O mais importante relatório da Europol de análise à criminalidade europeia foi apresentado ontem na sede da PJ, em Lisboa. Traz um retrato sombrio sobre a inesgotável capacidade das redes criminosas e um alerta para a vulnerabilidade à corrupção de socied
Em quatro anos, desde o último relatório da Europol que avalia a ameaça do crime organizado, as redes criminosas estão mais poderosas, mais violentas e com maior capacidade de corromper quem quem for preciso para alcançar os seus objetivos. De acordo com o Serious Organized Crime Threat Assessement (SOCTA) – apresentado ontem na sede da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, pela própria diretora-executiva da Europol, Catherine de Bolle – em mais de metade destas organizações está presente a violência, de forma cada vez mais frequente, e outro tanto usa a corrupção para atingir os seus objetivos.
“A corrupção é um elemento presente em praticamente todas as atividades do crime organizado. (…) A corrupção é uma ameaça essencial a ter em conta no combate contra a criminalidade grave e organizada. Cerca de 60% das redes criminosas referidas no SOCTA 2021 utilizaram a corrupção”, é escrito no relatório a que o DN teve acesso.
A violência é assinalada pela Europol como um fenómeno que cresceu nestes últimos quatro anos. “A utilização da violência por parte dos criminosos envolvidos nas redes de crime grave aumentou quer em frequência quer em severidade. Os criminosos usam a violência indiscriminadamente e atingem as vítimas independentemente do seu envolvimento ou participação, não se importando de, frequentemente, atingir espectadores inocentes. A ameaça que decorre dos incidentes violentos tem vindo a aumentar pelo uso frequente de armas de fogo ou de explosivos em locais públicos”, é salientado neste SOCTA – um relatório estratégico que analisa as ameaças de crime graves e organizadas, regionais e pan-europeias, com impacto na União Europeia (UE).
A criminalidade organizada é para a Europol a maior ameaça à segurança da Europa e, além da violência e da corrupção, ela assenta noutros dois pilares: o branqueamento de capitais e a digitalização das sociedades, o que, neste último caso, faz do cibercrime um dos fenómenos que a agência europeia considera ter maior potencial de crescimento.
Os crimes que a Europol considera que vão representar maior risco nos próximos anos estão identificados no SOCTA 2021 e cada Estado membro tem já informações para adaptar as suas prioridades de investigação: redes criminosas de alto risco, envolvendo