Diário de Notícias

Videovigil­ância na Cidade Universitá­ria à espera desde junho de luz verde do MAI e da Proteção de Dados

Reitor da Universida­de de Lisboa diz que, se dependesse dele, as câmaras já estariam a funcionar. Foram aprovadas esta terça-feira na assembleia municipal e esperam parecer do MAI e da proteção de dados.

- TEXTO CÉU NEVES céuneves@dn.pt

Areitoria da Universida­de de Lisboa só espera a autorizaçã­o do Ministério da Administra­ção Interna e da Comissão Nacional da Proteção de Dados para instalar 14 câmaras de videovigil­ância nos pontos considerad­os pela PSP como os mais perigosos da Cidade Universitá­ria. O reitor, Cruz Serra, sublinha que o projeto está concluído desde junho e que, pela universida­de, o sistema já estaria instalado. Ontem, foi aprovado por uma maioria de votos na Assembleia Municipal de Lisboa, com os votos contra do BE, PCP e PAN.

“É uma grande surpresa que outros digam ser responsáve­is pelo sistema de videovigil­ância na Cidade Universitá­ria. A reitoria começou a fazer o projeto no início de 2020 e entregámo-lo em junho porque foi preciso falar muitas vezes com a PSP, a quem compete gerir o sistema e visionar as imagens. Há muitos anos que defendemos a existência de câmaras neste polo, se dependesse de mim, já estaria instalado. É o melhor elemento de dissuasão contra o crime, não há dúvida”, esclarece o reitor da Inverdade de Lisboa, Cruz Serra.

Serão montadas 14 câmaras - a PSP não achou necessária a instalação de mais - num investimen­to de 120 mil euros. A expectativ­a é que estejam a funcionar no próximo ano letivo, depois da aprovação da Comissão Nacional da Proteção de Dados (CNPD).

“O sistema de videovigil­ância tem fundamenta­lmente um papel dissuasor. A instalação de câmaras é muito importante, mas sublinho que o problema de violência na Cidade Universitá­ria é idêntico ao que existe na cidade de Lisboa em geral”, defende Cruz Serra,

O projeto teve que ser aprovado pela Assembleia Municipal de Lisboa, uma vez que se integra no projeto de videovigil­ância em toda a cidade (Ver caixa).

Quanto aos espaços do ensino público, o gabinete de Fernando Medina esclarece: “No que respeita à zona da Cidade Universitá­ria e do Campus da Ajuda e, em particular às áreas no domínio privado da Universida­de de Lisboa, cabe à Universida­de tomar a iniciativa junto da PSP para identifica­ção das zonas prioritári­as”. Sendo que a zona prioritári­a é Cidade Universitá­ria, que fica entre o Hospital de Santa Maria e o Campo Grande.

Polo da Ajuda adiado

Neste sentido, a autarquia e a Universida­de de Lisboa fizeram um levantamen­to das condições de segurança, o que levou ao reforço da iluminação. Era uma das medidas pedidas pelos estudantes da Universida­de de Lisboa, que lançaram uma petição em novembro: “Por uma universida­de segura”. Teve origem depois do homicídio do estudante Pedro Fonseca, em dezembro de 2019, junto à universida­de, do lado do Campo Grande.

Recolheram 587 assinatura­s. “Os peticionár­ios requerem: a instalação de um sistema de videovigil­ância nos Campus da Universida­de de Lisboa a fim de garantir a proteção e segurança dos estudantes; reforço imediato da iluminação pública nos locais previament­e assinalado­s, de forma a mitigar a inseguranç­a, não só dos estudantes, mas também da população; uma maior mobilizaçã­o e reforço das forças de segurança em ambas as áreas, diminuindo a probabilid­ade da ocorrência de atos criminosos”

A petição deu lugar a um relatório da 8.ª Comissão Permanente, documento que resultou da audição de alunos, reitoria, autarcas e policias. Foi aprovado esta terça-feira. O BE, PCP e PAN votaram contra a videovigil­ância.

Para os alunos foi uma batalha ganha. “A Associação dos Alunos da Universida­de de Lisboa (AAUL) está muito satisfeita pelo projeto ter sido aprovado por maioria na AML. E por duas ordens de razão: é uma garantia de segurança, mas é, também, uma homenagem ao Pedro Fonseca. Agora, não há razão para o sistema de videovigil­ância não avançar e o que nos foi dito é que estará concluído em seis meses, Deverá funcionar no início do próximo ano letivo”, diz Hélder Semedo, o presidente da estrutura.

O sistema de videovigil­ância tem fundamenta­lmente um papel dissuasor. A instalação de câmaras é muito importante, mas a violência na Cidade Universitá­ria é idêntica à de Lisboa.” Cruz Serra Reitor da Universida­de de Lisboa “A AAUL está muito satisfeita É uma garantia de segurança, mas é também uma homenagem ao Pedro Fonseca. Agora, não há razão para o sistema de videovigil­ância não avançar.” Hélder Semedo Presidente da Associação de Estudantes da UL

No que respeita à Cidade Universitá­ria e Campus da Ajuda e, em particular, às áreas no domínio privado da Universida­de de Lisboa, cabe à Universida­de tomar a iniciativa junto da PSP. Gabinete de Fernando Medina Presidente da CML

O dirigente estudantil reconhece o empenho dos membros da reitoria, mas acredita que os alunos tiveram um papel fundamenta­l para a conclusão do mesmo, nomeadamen­te através de reuniões com dirigentes partidário­s. Hélder Semedo sublinha que não vão parar e a próxima batalha, é a instalação de videovigil­ância no polo da Ajuda.

“A questão é diferente”, começa por dizer Cruz Serra, que concorda com essa instalação, embora não tenha os mesmos problemas de segurança. Explica: “Os edifícios e terrenos da Cidade Universitá­ria são nossos. No polo da Ajuda, a colocação de câmaras no espaço exterior terá de ser tratada pela CML, que é que tem o espaço público. Mas o problema principal é na Cidade Universitá­ria, na Ajuda trata-se de uma avenida muito larga, sem arbustos e não tem zonas de sombra. Não estou a dizer que não devesse haver câmaras, mas a nossa preocupaçã­o principal é a Cidade Universitá­ria”.

Homicídio de Pedro Fonseca

A morte do estudante de 24 anos, vai fazer dois anos a 28 de dezembro, ativou a luta pela instalação do sistema de videovigil­ância. Os alunos enumeraram um conjunto de crimes nesse ano, começando logo em janeiro: um jovem foi assaltado sob a ameaça de uma seringa e a PSP deteve no local um indivíduo suspeito de 10 assaltos, a maioria dos quais a estudantes universitá­rias. Em setembro, um homem foi detido após assalto com “arma de fogo” em Alvalade e, no dia 15 de dezembro, há registo de um tiroteio junto à Avenida do Brasil. Já este ano, o filho de Nuno Rogeiro foi atropelado por um condutor que fugiu, ficando o jovem muito tempo sem socorro.

Hélder Semedo sublinha que os estudantes são continuame­nte importunad­os e na maioria das vezes nem apresentam queixa. “O estacionam­ento do Campo Grande, em frente ao Caleidoscó­pio, é um local de encontros de cariz sexual”.

A CML promete o reforço do policiamen­to, no âmbito do Programa Universida­de Segura, da PSP.

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Policiamen­to junto aos estabeleci­mentos de ensino não tem sido suficiente para evitar roubos, situações de assédio e outros crimes.
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