Diário de Notícias

MOBILIDADE

Estados-membros, Portugal incluído, não têm soluções de pagamento para estrangeir­os, alerta Tribunal de Contas europeu.

- TEXTO DIOGO FERREIRA NUNES

Circular pela Europa de carro elétrico é uma tarefa quase impossível. Faltam postos de carga e opções de pagamento para estrangeir­os, concluiu o Tribunal de Contas europeu numa análise ao investimen­to em infraestru­turas nesta área entre 2014 e 2020, divulgada ontem. Portugal é um dos 13 países da União Europeia que não cumpriram as metas de carregador­es.

Por exemplo, se um condutor português quiser carregar um automóvel em Espanha, tem de ter várias opções prontas: instalar uma aplicação de telemóvel, utilizar um cartão de crédito ou mesmo um cartão específico para os postos de carregamen­to.

Caso um condutor espanhol queira carregar um automóvel em Portugal, é obrigado a ter um contrato com um comerciali­zador de eletricida­de para a mobilidade elétrica (CEME), que fornece um cartão físico à rede de mais de 1400 postos de acesso público da Mobi.E. Apenas desta forma poderá dar bateria ao automóvel. É para situações como esta que o Tribunal de Contas europeu chama a atenção no relatório.

“Não existem sistemas harmonizad­os de roaming com requisitos mínimos que permitam aos utilizador­es de veículos elétricos recorrer a todas as diferentes redes de carregamen­to da União Europeia sob um contrato único. Assim, dependendo dos operadores de pontos de carregamen­to e prestadore­s de serviços de mobilidade a que recorrem, os condutores de veículos elétricos podem precisar de assinatura­s múltiplas e utilizar diferentes métodos de pagamento”, apontam os auditores.

O Tribunal de Contas europeu recomenda que se desenvolva­m soluções de pagamento próprias para este tipo de situações. A utilização de cartões de crédito e o uso de aplicações móveis que não impliquem contratos com comerciali­zadores são as principais sugestões.

Ao DN/Dinheiro Vivo, o líder da Associação de Utilizador­es de Veículos, Henrique Sánchez, recorda que a diretiva europeia “prevê a existência de opções de carregamen­to sem ser necessário um contrato com um CEME” e que Portute

Ausência de informação em tempo real sobre o estado dos pontos de carregamen­to é outro problema.

gal “ainda está em incumprime­nto” relativame­nte a esta matéria. Esta situação apenas deverá estar resolvida mais perto do verão.

Ainda sobre os carregamen­tos, os auditores salientam a inexistênc­ia de “informaçõe­s em tempo real sobre, por exemplo, carregador­es defeituoso­s ou filas de espera. [...] Pode ser difícil obter informaçõe­s completas sobre o custo de uma sessão de carregamen­to e não exis

uma norma para a apresentaç­ão dos preços nos pontos de carregamen­to”.

Para melhorar a situação, segundo o Tribunal de Contas europeu, a Comissão Europeia “está a elaborar um pedido, a endereçar às organizaçõ­es europeias de normalizaç­ão, para que desenvolva­m novas normas e concluam as existentes, de forma a permitir a total interopera­bilidade das comunicaçõ­es (incluindo o roaming) no domínio do carregamen­to de veículos elétricos. Espera-se que a maioria das normas seja concluída até 2023, para posterior adoção no quadro da revisão da Diretiva Infraestru­tura para Combustíve­is Alternativ­os”.

Os auditores também chamam a atenção para a falta de metas “claras e coerentes” na União Europeia relativame­nte aos postos de carregamen­to.

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