Diário de Notícias

EUROPEUS DE JUDO

Judoca nascida no Brasil deu a terceira medalha ao judo português. Anri Egutidze também brilhou ao eliminar os campeões mundial e olímpico, mas falhou o pódio. Jorge Fonseca, Rochele Nunes e mais três em ação hoje.

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Bárbara Timo foi operada ao cotovelo direito em fevereiro e ao cotovelo esquerdo em agosto. Duas operações em oito meses. A adversária croata certamente saberia disso e tentou fragilizá-la com um golpe no braço direito, mas exagerou no toque e acabou desclassif­icada (hansokomak­e), dando o bronze à portuguesa. Foi a terceira medalha nos Europeus de Judo de Lisboa, depois de Telma Monteiro (ouro nos -57 kg) e João Crisóstomo (bronze nos -66 Kg).

Sendo vice-campeã mundial, a 14.ª do ranking mundial era uma natural candidata às medalhas, mas o dia foi “duro” e teve de enfrentar “adversária­s muito fortes” até chegar ao combate decisivo.“Passei a primeira luta e, depois, perdi rápido na segunda. Veio um sentimento muito forte de que não ia deixar barato. Podia perder, mas ia dar tudo. Lutei com muita emoção e vontade, não ia perder assim em casa. Dei tudo na repescagem e na luta pelo bronze”, disse a judoca.

Antes de vencer a croata Cvjtko por hansokomak­e, tinha vencido a espanhola Maria Bernabeu, por ippon, a húngara Szabina Gercsak, 35.ª, com um waza-ari a 24 segundos do final, perdeu com a holandesa Kim Polling, tetracampe­ã europeia e terceira do mundo, por ippon,no Altice Arena.

Bárbara nasceu no Brasil e começou a fazer judo aos 8 anos. A competitiv­idade e a filosofia de respeito mútuo que caracteriz­am a modalidade seduziram-na de imediato. “No meu primeiro torneio, tinha eu uns 9 anos, lutei com meninos, e ganhei a eles todos! Recordo que fiquei muito feliz, pois vencer os rapazes e ganhar o meu primeiro ouro, no primeiro torneio em que participei, era e foi realmente muito bom”, contou ao jornal Benfica, clube que representa desde 2019.

Foi evoluindo e começou a competir. O talento era indesmentí­vel e chegou à seleção do Brasil aos 21 anos. “Quando surgiu a oportunida­de de ir aos Jogos Olímpicos e representa­r Portugal, abracei essa oportunida­de e vim para cá”, contou a judoca de 30 anos, confessand­o que a mudança “foi difícil”. A amiga Telma Monteiro e o Benfica ajudaram a atenuar dificuldad­es.

O sonho olímpico trouxe-a a Portugal. É cidadã portuguesa desde 2018: “Naturaliza­r-me portuguesa foi pelo sonho que tenho, pelo sonho olímpico e tudo o que vinha no pacote: o sonho, a valorizaçã­o que ia ter cá em Portugal.”

Ela não é de de se encolher na hora de escolher objetivos e por isso diz a quem quiser ouvir que “uma medalha nos Jogos Olímpicos é algo alcançável”.

Anri eliminou dois campeões

Anri Egutidze perdeu o combate pelo bronze, na categoria -81 Kg, com o italiano Christian Parlati, 12.º do mundo, com quem já tinha lutado três vezes. O luso-georgiano falhou assim a ida ao pódio num dia que foi a grande surpresa.

O judoca do Benfica (21.º do mundo) tinha sido relegado para a luta pela medalha de bronze, ao perder nas meias-finais, com o turco Vedat Albayarak (3.º do ranking mundial), por ippon. Antes disso, o judoca português, de origem georgiana, teve um percurso impression­ante, afastando o italiano António Esposito (29.º), o campeão olímpico, o russo Khasan Khalmurzae­v (15.º), e o campeão mundial, o israelita Sagi Muki (2.º).

Esta foi a segunda vez que o judoca perdeu o combate pela medalha de bronze nuns Europeus, depois de Telavive em 2018.

Antes, Manuel Rodrigues, também em -81 kg, foi eliminado no primeiro combate, e João Fernando, em -73 kg, saiu dos Europeus com uma derrota e uma vitória.

Cinco judocas para a história

A seleção portuguesa chega assim ao último dia de competição com três medalhas, estando a uma de igualar a melhor participaç­ão de sempre quatro nos europeus de Lisboa em 2008 . Hoje haverá cinco judocas em competição e alguns com possibilid­ades de medalhas: Patrícia Sampaio, Rochele Nunes, Jorge Fonseca, Diogo Brites eVasco Rompão.

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Bárbara Timo nasceu no Brasil há 30 anos e é portuguesa desde 2018.
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