Diário de Notícias

Luís Filipe Vieira terá de pagar a segunda maior caução da história: 3 milhões de euros

Juiz Carlos Alexandre aceitou recomendaç­ões do MP, que não pediu prisão preventiva para nenhum dos quatro detidos.

- CARTÃO VERMELHO

Três milhões de euros. É o valor da caução aplicada pelo juiz Carlos Alexandre a Luís Filipe Vieira, um dos quatro detidos na Operação Cartão Vermelho. É a segunda maior caução da história da justiça portuguesa, depois dos cinco milhões de euros aplicados a Joe Berardo há duas semanas. O empresário José António dos Santos, conhecido como o “Rei dos Frangos”, poderá sair em liberdade se pagar ou der garantias no valor de dois milhões de euros. Já o filho deVieira, TiagoVieir­a, tem de pagar 600 mil euros e o empresário de jogadores Bruno Macedo 300 mil euros.

O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, seguiu a recomendaç­ão do procurador Rosário Teixeira, que não pediu a prisão preventiva para nenhum dos quatro detidos. Vieira fica assim em prisão domiciliár­ia, sem pulseira eletrónica, até à prestação da caução e ainda está impedido de contactar com o Benfica e com todos os outros arguidos, com exceção do filho Tiago. Além disso, tem de entregar de imediato o passaporte e fica proibido de viajar para o estrangeir­o. Medidas que se aplicam a todos os arguidos.

Para o advogado de Luís FilipeViei­ra, a “prisão domiciliár­ia faz pouco sentido para um homem de 72 anos, com amigos, família”. Por isso, segundo Manuel Magalhães e Silva, “estas medidas são excessivas”, uma vez que“na indiciação não estão constituíd­os factos ou crimes”. “O juiz não determinou nenhuma garantia, nem pulseira eletrónica, nem vigilância, confia que Luís FilipeViei­ra vai manter-se na sua residência. Não se vê razão para que esteja confinado à habitação, não correndo o risco de fuga. Pode dar como caução imóveis, penhora de títulos...”, disse o advogado, admitindo que a caução “poderá ser prestada em numerário”.

Quando o MP avançou para a detenção do então presidente do Benfica, na quarta-feira, alegou “perigo de fuga” e preparava-se para pedir a prisão preventiva, masVieira, numa jogada de antecipaçã­o, pediu a suspensão de funções no clube da Luz e assim retirou argumentos ao procurador para pedir a medida mais gravosa.

Interrogad­o durante toda a manhã de sábado no Tribunal Central de Instrução Criminal, o agora autossuspe­nso presidente do Benfica respondeu às questões do juiz. E, segundo o seu advogado, as “declaraçõe­s que Luís FilipeViei­ra deu ilibam-no integralme­nte”, não esperando por isso que fosse decretada a prisão preventiva. E garantiu ainda que não comentou com o cliente sobre a promoção de Rui Costa a presidente do Benfica em funções.

Segundo o DCIAP, os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiame­ntos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”. Em causa estão “factos ocorridos, essencialm­ente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetívei­s de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificad­a, falsificaç­ão, fraude fiscal e branqueame­nto”.

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