Exportações estão a crescer 20% desde o início do ano
Consumidores refugiam-se em valores seguros e Portugal está a beneficiar disso. “Nunca as exportações cresceram a este ritmo”, sublinha o presidente da ViniPortugal.
As exportações de vinho aumentaram 20,3% nos primeiros cinco meses do ano. No total, o setor vendeu ao exterior, de janeiro a maio, mais de 133 milhões de litros, no valor global de 360,3 milhões de euros. São mais 60,7 milhões de euros do que em igual período de 2020, numa fileira que, mesmo em pandemia, foi aumentando mês após mês. “Nunca as exportações de vinho cresceram a este ritmo, são números fantásticos”, diz o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.
Para melhor ilustrar esta performance basta ter em conta que a média de crescimento das exportações de vinho, nos últimos 10 anos, ronda os 3,3% ao ano. “Durante a pandemia, Portugal conseguiu destacar-se mais nos mercados internacionais e crescer acima dos seus concorrentes”, afiança este responsável. Frederico Falcão analisou os dados dos últimos cinco anos nos 20 principais mercados em que a ViniPortugal atua e conclui que
“Portugal está sempre no top 3, sendo, em muitos deles, a origem que mais cresce”. É o caso da Suécia e da Coreia do Sul, onde os vinhos portugueses estão “claramente destacados”.
Sobre as razões deste desempenho extraordinário dos vinhos nacionais, o presidente da ViniPortugal acredita que os produtores estão a colher os frutos do trabalho que têm vindo a fazer ao longo dos anos. “Isto é o resultado de vários anos a promover, e a promover bem, os nossos vinhos, que são bons, têm um bom preço e estão a impressionar os consumidores”, defende o presidente da ViniPortugal.
E a pandemia até parece ajudar. “Os clientes refugiam-se no vinho português por uma questão de confiança e porque tem uma excelente relação qualidade-preço. Aliás, há mercados que nos dizem que, como as pessoas não queriam passar muito tempo nas lojas, apostavam nos valores seguros”, explica.
Os Estados Unidos são, em termos absolutos, o mercado que mais cresce, passando de 37,3 para 45,8 milhões de euros. São 8,5 milhões a mais do que no ano passado, correspondendo a um aumento percentual de 22,8%. Também as vendas para França cresceram substancialmente – mais 6,6 milhões –, para um total de 45, 6 milhões de euros. Mas, ao contrário do mercado americano, em que o preço médio se manteve praticamente idêntico, descendo um cêntimo, para 3,46 euros o litro, os franceses valorizam melhor os vinhos nacionais, com um aumento do preço médio em quase 5%, para 2,73 euros o litro.
Dentro do top 5 dos principais destinos das exportações de vinho portuguesas, destaque ainda para o Brasil, que cresceu mais de 43%, para 26,2 milhões de euros. Isto num mercado que, já no ano passado, havia crescido muito. “O consumo total de vinho no Brasil está a crescer muito e os brasileiros gostam do vinho português e têm muita confiança no produto”, defende Frederico Falcão.
A Alemanha cresce 20,7%, os Países Baixos 25,44% e a Polónia 30,77%. Destaque ainda para a Rússia, que, apesar de partir de uma base pequena, está a crescer 70,2%, para mais de 4,2 milhões de euros. Em contraciclo estão Angola, que já chegou a ser o principal destino das exportações nacionais de vinho mas tem vindo a perder terreno ano após ano, e o Japão. No caso do mercado angolano, a quebra é de 12,42%, para 10,4 milhões de euros. Já os japoneses até consumiram mais vinho português, mas pagaram menos por ele, fazendo baixar 0,42% o valor global exportado, para 3,2 milhões de euros.
Em termos de regiões vitivinícolas e de denominações de origem, destaque especial para a performance do vinho do Porto, que está a crescer 22,6%, para 112,8 milhões de euros. “Provavelmente terá a ver com o retomar de uma certa normalidade nos mercados, com a reabertura dos restaurantes. O certo é que, felizmente, o vinho do Porto está a recuperar algum mercado e a crescer, o que são muito boas notícias”, considera.
Tirando o Porto, o vinho verde é a denominação de origem que mais exporta: foram quase 35,3 milhões de euros de janeiro a maio, um aumento de 22,02% face ao ano passado. Em termos percentuais, o Douro é o que mais cresce, com uma subida de 33,79%, para quase 30 milhões. Seguem-se o Alentejo, que vendeu ao exterior 27,3 milhões de euros (+18,02%), Lisboa, com 21,8 milhões (+28,54%), e a Península de Setúbal, com 9,1 milhões de euros, um aumento de 28,5%. A Madeira, o Tejo e a Bairrada crescem 14,53%, 17,27% e 13,68%, respetivamente, e em contraciclo estão o Dão, a Beira Interior e as Beiras, com quebras homólogas de 5,61%, 21,89% e 27,31%, respetivamente.
Sobre as perspetivas para o final do ano, Frederico Falcão diz que são “muito animadoras”, dado que as vendas têm vindo a crescer cada vez mais de mês para mês. E começam agora a ser retomadas as ações de promoção presenciais.
O plano de promoção da ViniPortugal para este ano está orçado em 7,15 milhões de euros, com ações em 20 países, a par da formação sobre a venda de vinho a copo no mercado nacional.
Neste primeiro semestre, a organização interprofissional conseguiu apenas fazer duas atividades presenciais. No mês de junho organizou uma prova em Kiev, a primeira de sempre na Ucrânia, e que foi um “sucesso imenso”, e levou produtores portugueses a participar numa feira de enoturismo emValladolid, em Espanha. O objetivo é voltar à estrada em setembro, com eventos na Rússia, Polónia, Reino Unido e Estados Unidos. Quanto a feiras, a Prowein São Paulo está agendada para o início de outubro.
As férias dos maquinistas estão a obrigar a CP a suprimir comboios no Norte do país. Ficaram por realizar mais de duas dezenas de viagens nas últimas duas semanas nos suburbanos do Porto. A empresa assume os cancelamentos, enquanto o sindicato que representa a área de tração da empresa lamenta a falta de trabalhadores.
As supressões afetam os comboios que partem ou chegam a São Bento e Campanhã para destinos como Ovar, Marco de Canaveses, Famalicão e Braga. Basta faltar um maquinista para deixarem de ser realizadas várias viagens de uma só vez.
A transportadora, para tentar minorar os impactos, cancela algumas das viagens que não param em todas as estações e apeadeiros. Noutros casos, esses comboios passam a ter mais paragens.
Com menor frequência, cada automotora acaba por transportar mais passageiros. Em tempo de pandemia, falha a regra de promover o distanciamento social entre utentes e arrisca-se uma lotação superior aos dois terços atualmente permitidos. As supressões afetam principalmente os comboios nas horas de ponta da manhã ou da tarde.
Ao DN/Dinheiro Vivo, fonte oficial da CP assume a “falta de capacidade para satisfazer toda a oferta atual” devido ao gozo das férias dos maquinistas. António Domingues, presidente do sindicato que representa estes trabalhadores (SMAQ), recorda que “há uma grande falta de efetivos ao longo de todo o ano” e que “é potenciada pelo gozo de férias”.
Sem maquinistas suficientes a partir do Porto, a transportadora tenta evitar as supressões ao deslocalizar as viagens entre centros de trabalho. “Um maquinista de Coimbra assume um serviço atribuído a Coimbra e que originalmente era do centro de trabalho do Porto”, nota António Domingues. Mas a situação pode depois penalizar as operações da empresa ferroviária no Centro do país.
O recurso às horas extraordinárias é a outra medida da CP para evitar os cancelamentos. Com falta de efetivos, o que deveria ser uma opção pontual acaba por tornar-se em algo sistemático e contestado pelo SMAQ. A situação levou o sindicato a convocar um pré-aviso de greve às horas extraordinárias para os dias 8 a 18 deste mês, mas acabou na véspera por suspender a paralisação.
Problema com uma década
Nos últimos três anos e meio, a CP contratou mais de 60 maquinistas: 10 em 2018, 42 em 2019 e nove já em fevereiro deste ano. Mas a idade média dos profissionais da área de tração já ronda os 50,5 anos, o que potencia as ausências ao trabalho por doença. O sindicato dos maquinistas lamenta que “as admissões sejam insuficientes”, porque “durante 10 anos não entraram trabalhadores na CP”.
Equilibrar o quadro de pessoal de maquinistas e compensar as saídas por reformas implica a “admissão imediata de 50 a 60 pessoas”, diz o sindicato. A dupla tutela da transportadora, entre os Ministérios das Finanças e das Infraestruturas, no entanto, tem travado a marcha das contratações, lamenta o sindicato dos maquinistas.
Problema afeta partidas ou chegadas a São Bento e Campanhã.