Diário de Notícias

CM LISBOA

O DIAP está a conduzir a investigaç­ão do processo de divulgação da identidade dos ativistas russos por parte da autarquia presidida por Medina.

- TEXTO DAVID PEREIRA VALENTINA MARCELINO

OMinistéri­o Público abriu um inquérito para investigar a divulgação, por parte da Câmara Municipal de Lisboa, de dados de ativistas russos à Embaixada da Rússia, revelou fonte da PGR ao DN. O processo encontra-se agora em investigaç­ão no Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

No início do mês de junho foi tornado público que o município de Lisboa, presidido por Fernando Medina, fez chegar aos serviços da Embaixada da Rússia, em Lisboa, os nomes, moradas e contactos de três ativistas russos que, em janeiro, organizara­m um protesto, em frente à embaixada, pedindo a libertação de Alexei Navalny, opositor do governo de Vladimir Putin.

Quando o caso foi noticiado, o presidente da Câmara de Lisboa disse que “soube do caso pela comunicaçã­o social” e, ainda assim, pediu“desculpas públicas” pela partilha desses dados, assumindo que foi “um erro lamentável que não podia ter acontecido”. Nesse sentido, Medina ordenou de imediato uma auditoria interna, que a PGR vem agora dizer que“foi junta” ao inquérito que está nas mãos do Ministério Público.

Aliás, a 18 de junho, Fernando Medina divulgou o relatório preliminar dessa auditoria interna e anunciou um conjunto de medidas, entre as quais a exoneração do encarregad­o de proteção de dados da autarquia e a extinção do gabinete de apoio à presidênci­a, que acabaram por ser aprovadas a 2 de julho. Medina revelou ainda que a autarquia desrespeit­ou reiteradam­ente um despacho de 2013 assinado por António Costa, presidente do município à data e atual primeiro-ministro, que deu “ordem de mudança de procedimen­to, no sentido de só serem enviados dados à PSP e ao Ministério da Administra­ção Interna”. Ainda segundo a auditoria, desde 2012 foram comunicada­s à Câmara de Lisboa 7045 manifestaç­ões, das quais “foram remetidas 180 comunicaçõ­es junto de embaixadas”.

A 2 de julho, a Comissão Nacional de Proteção de Dados revelou que identifico­u 225 contraorde­nações nas comunicaçõ­es feitas pela Câmara de Lisboa no âmbito de manifestaç­ões, ficando a autarquia sujeita a coimas, por cada uma, até 10 a 20 milhões de euros.

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