Diário de Notícias

POPULARIDA­DE CARTÃO AMARELO A MARCELO E COSTA CAI A PIQUE

BARÓMETRO Avaliação dos portuguese­s a Presidente e primeiro-ministro revela desilusão com governante­s, mas também com a oposição. Costa tem queda brutal, mas Rui Rio consegue novo recorde negativo. Remodelaçã­o é pedida por 81%, com Cabrita à cabeça das sa

- TEXTO RAFAEL BARBOSA rafael@jn.pt

É um verdadeiro cartão amarelo o que é mostrado, este mês, a Marcelo Rebelo de Sousa. Mas é ainda pior para António Costa, que se aproxima do vermelho. De acordo com o barómetro da Aximage para o DN, JN e TSF, a popularida­de dos dois líderes cai a pique e o primeiro-ministro tem agora escassos seis pontos de saldo positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas). Este mês, a queda do presi- dente foi mais acentuada, mas o facto de partir de um patamar muito elevado permite-lhe manter um generoso saldo positivo de 37 pontos.

O último mês e meio foi crítico na avaliação dos portuguese­s aos dois políticos (mas também para os que estão na Oposição). A sondagem não faz perguntas sobre as razões para a desilusão dos portuguese­s, mas o calendário dá pistas suficiente­s. Se, no início de junho, o Governo ainda mostrava surpresa com o alerta britânico para a variante delta, um mês e meio depois o país está em plena quarta vaga da pandemia.

Ao contrário de crises anteriores, faltou sintonia entre Costa e Marcelo. As divergênci­as foram públicas, com o presidente a pedir uma abordagem menos “fundamenta­lista” e a recusar o regresso ao estado de emergência; e o primeiro-ministro a manter a rigidez de critérios, mas a ser atingido, mesmo assim, com os estilhaços da desconfian­ça que foram chegando do Reino Unido, Espanha, Alemanha e França.

Seniores muito críticos

O resultado final, para ambos, é uma queda sem precedente­s, em todos os parâmetros, desde julho do ano passado (altura em que se iniciou esta série de barómetros). No caso do primeiro-ministro, a queda já se iniciara em maio, acumulando uma perda de 18 pontos nas avaliações positivas (são agora 41%) e uma subida de 16 pontos nas negativas (35%). O desgaste do seu Governo e a recorrente discussão sobre a necessidad­e de fazer uma remodelaçã­o (ver texto ao lado) ajudará a explicar o momento negativo.

A quebra reflete-se em todos os segmentos da amostra, mas há alguns que se destacam. Até abril, os mais velhos foram sempre uma das âncoras da popularida­de do primeiro-ministro. Desde então, regista-se uma deserção em massa dos seniores, ao ponto de serem agora os mais descontent­es: na população com 65 ou mais anos, o saldo de Costa é agora negativo. Em termos regionais, o primeiro-ministro já só tem o benefício da dúvida em Lisboa e no Centro. Na região Norte, no Porto e no Sul, o saldo também já é negativo. Na geografia partidária, o saldo positivo limita-se agora aos eleitores dos partidos à Esquerda.

Patamar era elevado

A situação do presidente da República é diferente: caiu mais do que o primeiro-ministro este mês, mas partia de um patamar muito superior e continua, por isso, a ter uma popularida­de sem paralelo. Perdeu 15 pontos de maio para julho nas avaliações positivas (tem agora 55%) e subiu oito nas negativas (18%), o que resulta num saldo de positivo de 37 pontos (quase igual ao de julho do ano passado, no arranque dos barómetros).

Marcelo também foi castigado pelos mais velhos (baixa 29 pontos nas avaliações positivas), mas há uma diferença fundamenta­l em relação a Costa: entre os inquiridos com 65 anos ou mais, o presidente ainda tem um saldo positivo de 41 pontos. A exemplo do primeiro-ministro, os piores resultados são nas regiões Norte e Sul e no Porto, mas com saldo positivo. Na geografia partidária, continuam a ser os socialista­s os mais generosos (apesar da quebra), mas passa a ter saldo negativo entre quem vota CDU e Chega.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal