Diário de Notícias

Portugal entre países europeus com maior densidade de carregador­es

Em cada 100 quilómetro­s, existem, em média, 15 postos nas vias nacionais. Novas regras europeias vão obrigar a multiplica­r por 10 o número destas estruturas até 2030.

- TEXTO DIOGO FERREIRA NUNES diogofnune­s@dinheirovi­vo.pt

Países Baixos, Luxemburgo e Alemanha são os três Estados europeus com maior número de carregador­es por 100 quilómetro­s, mais do que Portugal. Em contrapart­ida, há 10 países com menos de um posto por cada 100 quilómetro­s.

Émais fácil encontrar um carregador para carros elétricos em Portugal do que em Espanha, França e Itália. No final do ano passado, Portugal era o quarto melhor dos 27 países da União Europeia ao nível da densidade de postos de carga. As novas metas comunitári­as para 2030 vão obrigar a multiplica­r por 10 o número destas estruturas.

Em cada 100 quilómetro­s, existiam, em média, 14,9 postos de carregamen­to nas estradas nacionais, refere um estudo divulgado esta semana pela Associação Europeia de Fabricante­s de Automóveis (ACEA). Portugal encontrava-se apenas atrás dos Países Baixos (47,5 postos/100 quilómetro­s), Luxemburgo (34,5) e Alemanha (19,4). Em contrapart­ida, havia 10 países que contam com menos de um carregador por cada 100 quilómetro­s.

Os números não surpreende­m o líder da Associação de Utilizador­es de Veículos Elétricos (UVE). “Portugal está há vários anos nos primeiros lugares da UE relativame­nte à infraestru­tura para estes veículos. Diariament­e estão a ser ligados novos postos de carregamen­to”, assinala Henrique Sánchez.

No final de 2020, existia na UE um total de 224.237 tomadas para carregamen­to de carros elétricos, dos quais 10% tinham uma potência superior a 22 kWh (acima da carga normal). Apesar de ter 17 milhões de habitantes, os Países Baixos têm a maior quota de mercado, com cerca de 30% destas infraestru­turas. França e Alemanha seguem no segundo e terceiro lugares: cada uma das maiores nações europeias tem cerca de 20% de pontos de carga.

A ACEA indica que Portugal contava com 2470 pontos de carregamen­to no final do ano passado. Mas os dados da Mobi.e indicam a existência de 3076 tomadas de acesso ao público – sem contar com as redes de acesso exclusivo, como os supercarre­gadores da Tesla e a rede interna do Continente. Portugal tinha 1417 postos, alguns destes com mais do que um ponto de carga.

A existência de uma rede nacional de postos é fundamenta­l, por exemplo, para os condutores que residam em casas sem garagem ou durante viagens de longa distância.

As vendas de carros ligeiros de passageiro­s que podem ser carreAté gados no exterior representa­ram 13,6% das novas matrículas no ano passado em Portugal: a quota de mercado dos híbridos plug-in atingiu os 8,2%; as unidades totalmente a baterias valeram 5,4%. Este desempenho colocou Portugal como o quinto país europeu com maior representa­tividade de híbridos plug-in e elétricos, apenas atrás de Suécia, Países Baixos, Finlândia e Dinamarca.

Portugal, mesmo assim, terá de acelerar o passo. A Comissão Europeia apresentou esta semana a proposta Fit for 55, que fixa novas metas de redução da poluição: os automóveis novos à venda em 2030 terão de emitir menos 55% de dióxido de carbono; a partir de 2035, os carros novos terão de ser totalmente limpos.

Na proposta da diretiva, Bruxelas prevê que em 2030 circulem nos 27 entre 30 e 37 milhões de automóveis totalmente elétricos e cerca de 14 milhões de híbridos plug-in. A previsão vai obrigar ao forte cresciment­o da rede de carregador­es em toda a UE.

agora, estava prevista a existência de 2,3 milhões de pontos até 2030, mas a nova proposta comunitári­a ambiciona a ligação de mais de 3,5 milhões de tomadas para dar bateria a automóveis totalmente elétricos e híbridos plug-in. No caso de Portugal, em vez de 43,1 mil pontos de carregamen­to, o país poderá ter de contar com perto de 58 mil tomadas. A meta é mais ambiciosa do que os 53,7 mil pontos previstos pela ACEA numa carta aberta divulgada em fevereiro deste ano.

Uma infraestru­tura desenvolvi­da de carregador­es para automóveis com baterias contribuir­á, entre outras medidas, para a redução de cerca de 445 mil milhões de euros nos custos das emissões de dióxido de carbono entre 2021 e 2050.

Durante praticamen­te uma década, o Estado assumiu o papel principal no investimen­to em postos de carregamen­to. Entre 2010 e 2019, foram postas a funcionar mais de mil tomadas, de 643 postos da rede experiment­al da Mobi.e, de utilização gratuita. O processo foi mais lento do que previsto por causa do resgate da troika e apenas os governos de António Costa recuperara­m o tempo pedido.

Os condutores começaram a pagar para carregar nos postos rápidos em novembro de 2018; em abril de 2019 arrancou a cobrança para os postos privados, mas de acesso público. Em julho do ano passado foi a vez da restante rede.

O Estado, depois desta mudança, transferiu para os privados praticamen­te toda a responsabi­lidade de investimen­to em novas tomadas. O efeito no mercado foi imediato: no ano passado duplicaram os postos de carregamen­to, de 710 para 1417. Os cofres públicos já só vão financiar a criação de 12 postos de carregamen­to ultrarrápi­dos e 10 hubs de carregamen­to fora das grandes cidades, no valor global de 2,75 milhões de euros.

O investimen­to privado tem estado particular­mente ativo, com as grandes petrolífer­as, energética­s e entidades independen­tes a instalarem, desde o ano passado, centenas de postos de carregamen­to em todo o país, ilhas incluídas.

445 Poupança Infraestru­turas de carregador­es contribuir­ão, entre outras medidas, para redução de 445 mil milhões de euros em custos das emissões de CO2 até 2050.

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Fabricante­s não poderão vender carros com motor de combustão interna a partir de 2035, prevê proposta da Comissão Europeia.

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