Governo prepara início da “libertação total” da pandemia
Horários do comércio, uso de máscara, recolher obrigatório, matriz de risco. O executivo deverá hoje aligeirar o confinamento
Areunião, no Palácio da Ajuda, adivinha-se longa. E no final o primeiro-ministro deverá anunciar medidas de aligeiramento do confinamento pandémico. Será o início da “libertação total” que o próprio António Costa já disse perspetivar-se para o final do verão com o progresso da vacinação e o país a alcançar a situação de imunidade de grupo.
Espera-se, por exemplo, que o Conselho de Ministros decida levantar ou todas ou algumas das restrições atualmente em vigor nos horários do comércio e da restauração. Atualmente, aos fins de semana e feriados, nos concelhos considerados de “risco muito elevado”, o comércio a retalho não alimentar está obrigado a fechar às 15h30. Já as mercearias, super e hipermercados, também aos fins de semana e feriados, têm de fechar às 19h00 (no resto dos dias às 21h00). Também se espera mudanças nas lotações permitidas. E pode cair o recolher obrigatório às 23h00 imposto aos concelhos de risco elevado e muito elevado. Também está em cima da mesa a liberação face ao uso de máscaras, pelo menos nos espaços exteriores. Outra possibilidade é ser adotada uma nova matriz de risco – ou fazer que a atual passe a ter leituras diferentes.
Na terça-feira, após a reunião no Infarmed, o Presidente da República – que há muito vem pedindo mudanças nas variantes que compõem a matriz [incidência pandémica e R(t)] – falou como se essas alterações à matriz de risco já tivessem sido consignadas. “Há aqui um esforço da parte dos especialistas para, à medida que o processo avança, irem completando e enriquecendo aquilo que normalmente se chama de matriz, o quadro, o espaço de manobra de decisão dos políticos, e concretamente do governo e das autoridades sanitárias”, afirmou.
Nas mesmas declarações, Marcelo salientaria as apresentações das especialistas Andreia Leite e Raquel Duarte que demonstraram “um esforço de incluir naquele espaço de manobra dado aos políticos para decidir, além dos indicadores fundamentais, que têm sido a transmissibilidade e o número de casos, a incidência, outros fatores de ponderação: os internamentos, nomeadamente em cuidados intensivos, a letalidade, e ao mesmo tempo para estar presente, permanentemente, o avanço da vacinação”.
Do seu lado, o PR tem não só os peritos como também o PSD – o que significa que o governo está agora completamente isolado. “Há um reconhecimento por parte dos especialistas de que não podemos continuar a responder à pandemia em julho de 2021 como respondíamos em março de 2020”, afirmou Ricardo Baptista Leite.
Já o representante do partido do governo, José Luís Carneiro, salientou que atualmente “é menor o recurso aos cuidados hospitalares e aos cuidados continuados, sendo também evidente uma redução do número de óbitos”. “Há condições para começarmos a aliviar algumas das medidas restritivas, embora fazendo-o com elevado nível de responsabilidade”, disse ainda o secretário-geral adjunto do PS.
“Em nosso entender, há condições para começarmos a aliviar algumas das medidas restritivas, embora fazendo-o com elevado nível de responsabilidade.” José Luís Carneiro Secretário-geral adjunto do PS