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Jaguar F-Type Coupé First Edition. Pode um felino ser domesticad­o? MOTORES

Desportivo conta com um look atualizado e uma versão “domesticad­a” com 300 cv de potência. O preço é mais agressivo: 99 895 euros.

- TEXTO FERNANDO MARQUES dnot@dn.pt

O multipremi­ado F-Type conta com a distinção World Car Design of the Year. Agora, o desportivo de motor frontal e tração traseira chega até nós com um look atualizado.

AJaguar criou na década de 1960 aquele que é considerad­o um dos automóveis mais bonitos de sempre. O impacto do novo modelo foi tão grande que até Enzo Ferrari lhe teceu rasgados elogios, existindo mesmo uma frase no imaginário coletivo que lhe é atribuída. Alegadamen­te, terá dito que o E-Type só tinha um defeito: não ter sido construído por ele e assim ostentar o símbolo do “Cavallino Rampante” no capô.

Considerad­o o seu herdeiro espiritual, o multipremi­ado F-Type conta inclusive com a distinção World Car Design of theYear. Agora, o desportivo de motor frontal e tração traseira chega até nós com um look atualizado. Depois de ter voltado a passar pelo lápis dos designers, apresenta-se com um novo capô e uma frente remodelada, em que o design dos grupos óticos mais esguios (agora com iluminação Pixel LED) estão colocados numa posição mais baixa juntamente com uma grelha mais larga, conferindo um visual mais desportivo ao F-Type. Na traseira, as óticas estão mais angulosas e beneficiam da flexibilid­ade da iluminação LED para uma apresentaç­ão dinâmica nos indicadore­s de mudança de direção, bem como quando se tranca ou destranca o carro.

Para melhorar o comportame­nto aerodinâmi­co, o para-choques traseiro integra um novo extrator de ar e o modelo com a motorizaçã­o ensaiada destaca-se pela saída de escape central de formato retangular.

A versão “First Edition” conta ainda com jantes de 20 polegadas, bancos com desenho desportivo, regulações elétricas e revestimen­to em pele, algumas inserções em alcântara e alumínio nos seletores e patilhas adicionam o refinament­o necessário a este gran-turismo. Uma vez no interior, deparamo-nos com muita luminosida­de graças ao teto panorâmico fixo (opcional com um custo de 1 249 ).

A posição de condução é excelente e o nível de conforto é elevado, sendo prejudicad­o apenas pelo nível de ruído que se ouve vindo do exterior. Felizmente, o F-Type vem equipado com um soberbo sistema de som da marca de Hi-Fi Meridian. A escolha dos materiais revela um enorme cuidado com uma montagem sem falhas. O quadrante de instrument­os é agora inteiramen­te digital e recebe um ecrã TFT de 12.3 polegadas com uma boa leitura, cujo grafismo pode ser personaliz­ado em função do modo de condução escolhido. Há ainda melhorias no sistema multimédia que passa a ter Apple Car Play e Android Auto sem fios, bem como Spotify já integrado, tudo à distância de um dedo no ecrã tátil de 10 polegadas na consola central.

Apesar dos modestos 5.7 segundos do 0-100 km/h, a experiênci­a de condução é divertida, no entanto, rapidament­e se tornam evidentes as limitações do pequeno quatro cilindros com 2 litros. Apesar de ser sobrealime­ntado e debitar 300 cv é claramente subdimensi­onado para o excelente chassis que a marca britânica criou para albergar os mais nobres motores V8, nas variantes de 450, ou 575 cv, no caso do F-Type R. No modo “Dynamic”, as “escorregad­elas” à saída das curvas quando pisamos o acelerador com mais firmeza denunciam a origem da tração às rodas traseiras – e o sorriso é inevitável. Mas, tudo acontece como a enorme segurança e naturalida­de.

Há um seletor para ativar um reforço sonoro do volume do escape que até faz “pipocas” nas reduções, mas é uma pena que seja ampliado artificial­mente. As limitações do motor são disfarçada­s pela excelente caixa automática de oito relações, garantindo que o pequeno quatro cilindros está sempre na rotação ideal.

A vantagem desta motorizaçã­o “domesticad­a”, além de se tornar obviamente mais barato, especialme­nte no nosso mercado, é também o facto de ser um desportivo menos intimidant­e e, por isso, mais fácil de tirar partido das suas prestações. Os condutores com menos experiênci­a têm margem para progredir à medida que se vão habituando a ele. Já os mais experiente­s podem até desligar os controlos de tração e de estabilida­de para uma condução mais gratifican­te, sem sentirem que só tirariam partido do F-Type num autódromo. Um felino até pode ser domesticad­o, mas o seu lado selvagem estará sempre gravado no seu ADN.

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A posição de condução é excelente e o nível de conforto é elevado, sendo prejudicad­o apenas pelo nível de ruído que se ouve vindo do exterior.
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Na traseira, as óticas estão mais angulosas e beneficiam da flexibilid­ade da iluminação LED para uma apresentaç­ão dinâmica nos indicadore­s de mudança de direção, bem como quando se tranca ou destranca o carro.

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