Olga Prats. Pianista com carreira distinta na divulgação da música portuguesa
Olga Prats começou a tocar piano aos 6 anos e deu o primeiro recital aos 14. Morreu ontem aos 82 anos.
Apianista Olga Prats, que morreu ontem, aos 82 anos, distinguiu-se acima de tudo pela divulgação da música portuguesa.
Com uma carreira de 69 anos, Olga Prats foi a primeira pianista a tocar e a gravar o argentino Astor Piazzola em Portugal e a divulgar o fado ao piano, nomeadamente as partituras de finais do século XIX e primeiras décadas do século XX de compositores como Alexandre Rey Colaço ou Eduardo Burnay.
Olga Prats começou a tocar piano aos 6 anos, tendo sido aluna particular de João Maria Abreu e Motta. Numa entrevista à agência Lusa, recordou que “havia sempre música em casa”. Deu o primeiro recital, aos 14 anos, no Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, a 5 de maio de 1952.
Maria Olga Douwens Prats, de seu nome completo, nasceu em Lisboa a 4 de novembro de 1938, fez o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional, que apontou à Lusa como “a sua segunda casa”, e onde tinham sido alunas a sua mãe e uma tia, e um bisavô professor. Terminado o curso, em 1957, prosseguiu os estudos em Colónia, na Alemanha, onde foi aluna de Gaspar Cassadó e de Karl Pillney, e em Friburgo, na Suíça, estudou com Carl Seeman e Sándor Végh.
Olga di Robilant Álvares Pereira de Melo (1900-1996), marquesa de Cadaval, foi “a patrona mais importante para a Olga Prats”, segundo o seu biógrafo e amigo, o compositor Sérgio Azevedo, que disse à Lusa que “o nome da pianista foi uma homenagem à aristocrata”, que durante anos patrocinou os Festivais de Sintra. A intervenção da marquesa foi essencial para a família de Olga Prats lhe comprar o primeiro piano. “Sem a marquesa de Cadaval, a Olga Prats não teria tido todas aquelas oportunidades que teve de estudar e conhecer músicos na infância e na adolescência”, disse Sérgio Azevedo.
Na Alemanha, onde foi bolseira do governo alemão em parceria com a Fundação Gulbenkian, Olga Prats tocou com várias orquestras e recebeu elogios da crítica musical, tendo, em 1958 sido distinguida com o prémio para melhor estudante estrangeira.
Em 1960, regressou a Portugal, tendo continuado a estudar com a pianista Helena Sá e Costa (1913-2006).
Ao longo da sua carreira, privilegiou a música de câmara, destacando a produção contemporânea. Este seu gosto foi passado a outras pianistas, designadamente Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura.
Além de Lopes-Graça, foi também colaboradora próxima de outros compositores, como Constança Capdeville e Victorino d’Almeida, que lhe dedicaram várias peças. Lecionou no Conservatório Nacional e na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) até novembro de 2008.
Olga Prats foi uma das fundadoras do Opus Ensemble, em 1980, e do ensemble de teatro musical Grupo ColecViva, em 1975. Foi jurada, desde a sua criação, do Prémio José Afonso, que anualmente distingue um álbum inédito de música portuguesa, e foi também jurada em concursos de música erudita, tanto em Portugal como no estrangeiro.