Diário de Notícias

Desconstru­ção põe fim a “romance” sobre prédio Coutinho em Viana do Castelo

FUTURO A desconstru­ção do edifício de 13 andares, cerca de 20 anos após decisão de o retirar do centro histórico, vai custar cerca de 1,2 milhões de euros e vai ser feita ao longo de seis meses.

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Odia 2 de agosto vai ficar na memória dos habitantes deViana do Castelo como o dia em que foi assinado o fim do Edifício Jardim, conhecido como prédio Coutinho, construído no início da década de 1970 e cuja demolição foi decidida aquando da aprovação do plano de pormenor do Centro Histórico de Viana, em 2000, ao abrigo do programa Polis.

A desconstru­ção do prédio Coutinho vai custar cerca de 1,2 milhões de euros e vai ser feita ao longo de seis meses, segundo o ato de consignaçã­o da empreitada, hoje assinado e que deu início ao processo.

“Sabemos que há coisas que são rápidas, há coisas que sabemos que são lentas, há coisas que imaginamos que são lentas e depois são rápidas, depois há coisas que pensamos que são rápidas e afinal são lentas e depois há o prédio Coutinho”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, presente na assinatura do ato de consignaçã­o.

Matos Fernandes referiu que “foram 20 anos para fazer cumprir o interesse público e ir ao encontro dos planos” desenhados para aquele espaço, que passará pela construção do mercado municipal, acreditand­o ser esta “a vontade de uma clara maioria dos vianenses”.

“Foi este grande romance que chega agora ao fim, ou melhor, não chega agora ao fim porque a seguir vai ser construído aquilo que era aqui, o mercado municipal”, afirmou Matos Fernandes, em frente ao prédio Coutinho para assinalar o início dos trabalhos.

Dos cerca de cem proprietár­ios de frações no prédio Coutinho, cinco não chegaram ainda a acordo com a VianaPolis sobre a expropriaç­ão, sendo que uns optaram por mudar para um prédio nas imediações, outros para a área da marina e os restantes por receberem uma indemnizaç­ão em dinheiro.

Material reciclado

O prédio Coutinho vai ser desconstru­ído de forma a reciclar o máximo de materiais. “Todos os materiais vão ter uma segunda vida, vão ser devidament­e britados para poderem fazer parte das bases das novas estradas, pavimentaç­ões de infraestru­turas”, salientou o ministro.

No local, será “reposto” o mercado municipal, que ali estava antes de ser construído o referido prédio, de 13 andares e que chegou a ser habitado por mais de 300 pessoas.

“O mercado é muito importante para a vida do centro histórico. É um mercado que vai estar inserido no coração da cidade, que vai fazer uma ligação com o jardim público. Vai ter componente­s ligadas ao artesanato, aos produtos tradiciona­is, posto de turismo, serviços públicos e indústrias criativas”, adiantou o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, também presente no local.

Segundo o autarca, a obra do novo mercado municipal arranca em 2022, pelo que “hoje é um dia muito importante paraViana do Castelo”.

O desapareci­mento do prédio Coutinho vai ainda possibilit­ar a concretiza­ção de um desejo da autarquia: candidatar o centro histórico a Património Mundial.

“As pessoas já estavam cansadas deste romance. Hoje começa-se uma nova página daquilo que é o urbanismo em Viana do Castelo. Foi logo pensado do início, mas não era possível com o Edifício Jardim. Viana do Castelo tem um belíssimo centro histórico, tem sido objeto de uma grande requalific­ação e valorizaçã­o (...). Precisamos de ícones e referência­s”, justificou José Maria Costa.

O Tribunal Administra­tivo e Fiscal de Braga julgou improceden­tes, em 19 e 20 de janeiro, a intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias e a providênci­a cautelar movidas, em junho de 2019, pelos últimos moradores do prédio Coutinho para tentar travar o início da sua desconstru­ção.

A sociedadeV­ianaPolis é detida a 60% pelos ministério­s do Ambiente e das Finanças e 40% pela Câmara deViana do Castelo.

O desapareci­mento do prédio Coutinho vai possibilit­ar a concretiza­ção de um desejo da autarquia: candidatar o centro histórico a Património Mundial.

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No local onde agora se encontra o prédio Coutinho, será “reposto” o mercado municipal, que ali estava antes.
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O prédio Coutinho vai ser desconstru­ído de forma a ser possível reciclar o máximo de materiais, disse o ministro do Ambiente, Matos Fernandes.

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