Diário de Notícias

A propósito... respeito, amizade e excelência!!!

- Luís Alves Monteiro

Apropósito dos desabafos, lágrimas e pedidos de desculpas aos portuguese­s de alguns dos nossos atletas olímpicos, ou por uma prestação menos conseguida ou, nas suas próprias palavras, por um momento menos bom, um dia menos bom, e a propósito da exigência máxima de uma nação para resultados de exceção, materializ­ados sempre em forma de diplomas e especialme­nte medalhas, e já agora a propósito da excelência da prestação de Jorge Fonseca, da nossa medalha de bronze, e dos valores olímpicos de respeito amizade e excelência.

Como podemos conseguir mais?Viver com paixão e propósito? Encontrar e libertar o nosso máximo potencial? Não existe um caminho único, nenhum caminho certo, segredos ou truques. No entanto, há um fio condutor que permeia sempre os atletas mais extraordin­ários.

A propósito, vale a pena relembrar, para quem não conhece, que a carta olímpica diz o seguinte: “O olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina de forma equilibrad­a as qualidades do corpo, da vontade e da mente. Aliando o desporto à cultura e educação, o olimpismo procura ser criador de um estilo de vida fundado no prazer do esforço, no valor educativo do bom exemplo, na responsabi­lidade social e no respeito pelos princípios éticos fundamenta­is universais.

O objetivo do olimpismo é o de colocar o desporto ao serviço do desenvolvi­mento harmonioso da pessoa humana em vista de promover uma sociedade pacífica preocupada com a preservaçã­o da dignidade humana.

Então a propósito disto tudo, acho que vale a pena contextual­izar e pôr em perspetiva a nobreza da tarefa dos nossos “guerreiros” lusos. Sabiam que a população atual da Terra está em torno de 7,8 mil milhões de habitantes (dezembro 2020)? Para a maioria das pessoas, é um apenas um número grande,, no entanto, em termos percentuai­s, podemos apreciá-lo numa dimensão mais humanament­e gerenciáve­l.

A análise resultante é relativame­nte mais fácil de entender se aferirmos que desse total de 100%, 11% estão na Europa, 5% estão na América do Norte, 9% estão na América do Sul, 15% estão na África, 60% estão na Ásia, ou se dissecarmo­s ainda mais, 49% vivem no campo, 51% vivem em cidades, 12% falam chinês, 5% falam espanhol, 5% falam inglês% falam árabe, 3% falam hindi, 3% falam bengali, 3% falam português, 2% falam russo, 2% falam japonês, 62% falam a sua própria língua nativa.

E podíamos ir por aí fora na viagem alucinante dos números, decompondo e interpreta­ndo, mas a propósito do tema que me leva a escrever estas linhas, e dos Jogos Olímpicos, voltando ao grande número da população mundial, 7,8 mil milhões de habitantes, sabiam que hoje no mundo o número de atletas olímpicos vivos é de cerca de 100 mil? Surpreendi­dos? Sim, é isso mesmo, 100 mil. Conseguem agora perceber a magnitude e o alcance de ser e ter o estatuto de atleta olímpico? E perceber o rácio de atletas olímpicos no mundo por cada milhão de habitantes, uma conta com uma percentage­m de infinitos zeros? E agora e a propósito, convido-vos a transporta­r a equação para a realidade portuguesa. Os últimos Censos dizem que somos cerca 15 milhões de habitantes por todo o mundo, cerca de 700 atletas olímpicos vivos, o que significa apenas 21 atletas olímpicos por cada milhão de habitantes, penso não ser necessário explicar a enorme importânci­a e também a consequent­e responsabi­lidade que encerra para os poucos e bons que alcançam o estatuto de atleta olímpico.

Nós olímpicos dizemos que somos todos iguais, mas também pessoas especiais e excecionai­s, somos os mensageiro­s dos valores do respeito, amizade e excelência, temos a responsabi­lidade e o dever de sermos exemplos, para nós e para a sociedade, e nem a propósito, quando falamos de atletas medalhados, podemos até considerá-los com predicados adicionais, de heróis imortais. A propósito recordo que, para mais pondo em perspetiva, temos aos dias de hoje 25 medalhados em todas as edições dos Jogos Olímpicos da era moderna.

Portanto a propósito de ser atleta olímpico, e a propósito dos desabafos e pedidos de desculpas de alguns dos nossos atletas, o que lhes posso dizer por todas as razões expostas é que não é o “peso” da responsabi­lidade que carregamos que nos deve incomodar, mas sim a forma como o carregamos, assim melhor do que ninguém para explicar, recorro à máxima do poeta, “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidad­e com que acontecem, existem momentos inesquecív­eis, coisas inexplicáv­eis e pessoas incomparáv­eis” e, mais uma vez, a propósito, por tudo e por nada, atletas olímpicos, não peçam desculpa, somos todos heróis da pátria, cada um e à sua maneira um exemplo, uma referência, e a propósito e em jeito de conclusão, nunca nos podemos esquecer de que o desporto faz parte de um processo de vida, é um meio e não um fim em si mesmo e acima de tudo, como dizia Nelson Évora numa conferênci­a de imprensa após a desistênci­a surpreende­nte ou não de Simone Biles, “procurem a vossa criança interior e divirtam-se”, porque afinal a presença nos Jogos também deve ser diversão. Força, olímpicos de Portugal, somos a força de uma nação. Força Portugal!!!

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