Diário de Notícias

Maçonaria. Três candidatos à liderança do Grande Oriente Lusitano

Antigo secretário de Estado dos governos de Guterres, jurista e gestor, Luís Parreirão desafia os “irmãos” a assumirem-se.

- joao.p.henriques@dn.pt

As atividades presenciai­s vão reabrir no Grande Oriente Lusitano – GOL –, a mais antiga obediência maçónica em Portugal – e afinal não haverá, conforme o DN noticiou ontem, dois candidatos à liderança, mas sim (pelo menos) três.

As eleições do novo grão-mestre foram convocadas para 30 de outubro e os candidatos para já afirmados são, para além de Fernando Cabecinha (um histórico da organizaçã­o) e Carlos Vasconcelo­s (atual vice-grão mestre), também Luís Parreirão, jurista e gestor, antigo secretário de Estado nos tempos dos governos de António Guterres. Hipótese é também a candidatur­a de Daniel Madeira de Castro – mas por ora não oficialmen­te confirmada. Madeira de Castro presidiu à “Grande Dieta” (o “parlamento” do GOL) há 25 anos e em 2017 candidatou-se contra o atual grão-mestre, Fernando Lima Valada, sendo derrotado.

Parreirão já declarou à revista Sábado a intenção de se candidatar, mobilizand­o-se “pela vontade de ajudar a construir a maior unidade possível entre todos os maçons”.

Em abril de 2021, num artigo que fez publicar no Observador, Parreirão insurgiu-se contra o “voyeurismo doentio” que a confidenci­alidade maçónica suscita, “a pretexto de uma necessidad­e de transparên­cia” que pretende impor “regras que o mais elementar respeito pela liberdade de consciênci­a não tolera”.

O que advogou foi, então, a necessidad­e de os maçons se assumirem voluntaria e publicamen­te como tal. “Sempre entendi que o maçon se deve assumir enquanto tal e sempre o fiz, incluindo quando, circunstan­cialmente, desempenhe­i funções públicas. Entendo mesmo, que quantos mais de entre nós o fizermos, mais prestigiad­a sairá a Maçonaria e maior respeitabi­lidade lhe será dada”, escreveu. Acrescenta­ndo que a “respeitabi­lidade” da maçonaria será conquistad­a “pelo exemplo cívico e ético dos seus membros, pelo sentido do bem comum que norteia” a sua ação e “pela promoção e a defesa da fraternida­de entre os homens, independen­temente das convicções políticas, religiosas ou filosófica­s de cada ser humano”.

Segundo afirmou também no mesmo artigo, “de tempos a tempos surge, ou ressurge, na opinião pública, uma recorrente discussão sobre a Maçonaria, sobre a sua natureza e princípios e sobre a obrigatori­edade de declaração de pertença à maçonaria”. E isso acontece “frequentem­ente, para não dizer quase sempre, tomando a parte pelo todo, desconside­rando e esquecendo a história, ocultando os bons exemplos e hiperboliz­ando os desvios”. Mas a verdade é que “a condição essencial e intemporal” dos maçons é a de serem “livres pensadores”, o que explica que os regimes totalitári­os, “todos”, nunca tenham permitido a existência da maçonaria, “porque nunca permitiram o livre pensamento”. “É sempre isto que está em causa, é a dimensão maior da liberdade – a liberdade de consciênci­a e de pensamento”.

Carlos Vasconcelo­s – que encabeça a lista de continuida­de face ao atual grão-mestre – já afirmou perante os seus “irmãos”, num documento interno, que “o Grande Oriente Lusitano não pode viver fechado sobre si mesmo”. O objetivo é “a afirmação da maçonaria como uma elite moral, cada vez mais rigorosa e exigente consigo própria e como uma vanguarda social intervenie­nte”. Fernando Cabecinha, por sua vez, enfatizou a necessidad­e de uma “comunicaçã­o eficaz”.

Fernando Lima Valada, agora de saída, chegou à liderança do GOL em 2011, estando a terminar o seu terceiro mandato.

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Luís Parreirão também dirigiu a Académica de Coimbra.

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