QUEM QUER DESAFIAR O CAMPEÃO? HÁ TRÊS RIVAIS DE OLHO NO TRONO DE UMA LIGA COM MUITOS PORTUGUESES
Naquela que será a 30.ª edição da liga mais espetacular do mundo, o City treinado por Pep Guardiola sabe que não terá tarefa fácil para manter à distância os pretendentes Liverpool, Chelsea e Manchester United. A luta será dura numa liga com muitos portug
Acerca de dez quilómetros do local onde se disputou o primeiro jogo de futebol com regras definidas em 1864, o recém-promovido Brentford recebe esta sexta-feira os vizinhos do Arsenal (20 horas, Sport TV2) naquele que será o pontapé de saída da 30.ª edição de Premier League, prova em que as “abelhas” londrinas se estreiam, uma vez que há 74 anos que não estavam no primeiro escalão. Começa assim com um dos muitos dérbis da capital (há seis equipas) aquela que é considerada a liga mais espetacular do mundo, que vai contar com dois treinadores portugueses (Nuno Espírito Santo e Bruno Lage) e, pelo menos para já (o mercado fecha a 31 de agosto), 22 jogadores portugueses.
Depois de uma temporada em que conquistou o seu sétimo título (quinto na última década) com alguma facilidade, o Manchester City vai partir, uma vez mais, como o grande candidato, mesmo que tenha sofrido grandes desilusões nas duas últimas partidas oficiais que realizou – terminou a época passada a falhar pela primeira vez a conquista da Liga dos Campeões, na final frente ao Chelsea, e começou esta a deixar fugir a Community Shield para o Leicester. Apesar da saída do argentino Sergio Agüero, que já pouco entrava nas contas de Pep Guardiola, para Barcelona, o clube financiado pelos milhões do Sheik Mansour manteve até agora praticamente todo o plantel, ao qual acrescentou o talento do extremo Jack Grealish por um valor recorde no país: 117,5 milhões de euros. Figura do AstonVilla onde fez toda a carreira (com uma passagem por empréstimo ao Notts County), o extremo de 25 anos chega ao Ettihad com a missão de ajudar a equipa a concretizar finalmente a glória europeia e pouco incomodado com o custo do seu passe. “É uma boa etiqueta para mostrar.” No entanto, não é líquido que ostente a marca por muito tempo, uma vez que o The Guardian avançava ontem a possibilidade do seu novo clube fazer uma oferta de 150 milhões por Harry Kane, dianteiro do Tottenham e sonho milionário da equipa de João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva (que até pode estar na porta de saída).
Os pretendentes ao trono
Depois de um ano em que finalmente conseguiu vencer a Premier League pela primeira vez na sua história (já tinha 18 títulos anteriores), o Liverpool teve uma temporada verdadeiramente dececionante em que chegou a ter a participação na Liga dos Campeões em risco. Fez menos 30 pontos e terminou no terceiro posto, tendo sofrido seis derrotas consecutivas em Anfield, com Jürgen Klopp a atribuir o desastre à onda de lesões de que afetou o plantel – sobretudo, a do central holandês Van Dijk, que perdeu praticamente toda a época, mas também outros nomes, como o do português Diogo Jota quando estava em grande forma. Para já, o técnico alemão apenas tem um reforço de algum peso no central francês Ibrahima Konaté e perdeu o holandêsWijnaldum para o Barcelona, sendo que o português Renato Sanches é um dos nomes apontados para suprir essa saída. Ainda assim, a base do plantel campeão está lá e no Merseyside vai seguramente morar um dos candidatos a atrapalhar o City.
Na vizinhança, o Manchester United também quer dar sequência à luta que proporcionou ao rival citadino na época passada. O norueguês Solskjaer também manteve todos os titulares e ainda melhorou a qualidade das opções com as chegadas de Jadon Sancho e do francês Raphaël Varane, ex-Real Madrid – problemas burocráticos adiaram a apresentação do jogador. Sob a batuta de Bruno Fernandes, que marcou ao Everton um belo livre direto em partida de preparação, os red devils têm tudo para lutar por um título que lhes escapa desde a saída de Sir Alex Ferguson, em 2013.
Resta o Chelsea, renascido desde que o alemão Thomas Tuchel chegou ao banco. Campeões europeus em título e vencedores, esta semana, da Supertaça Europeia, os blues quererão fazer melhor que o quarto lugar do ano passado. Para tal, Roman Abramovich abriu outra vez os cordões à bolsa para recuperar o belga Romelu Lukaku e contratou o goleador que tem faltado à equipa, na maior transferência de sempre dos blues: 115 milhões.
Um lugar ao sol... continental
Numa liga em que os clubes lidam com orçamentos gigantescos, há mais um punhado de equipas que sonham com a possibilidade de se intrometerem, pelo menos, na luta por uma das quatro primeiras posições mas que realisticamente se podem dar por felizes se garantirem um lugar europeu.
Estão nesse lote o Leicester, que já venceu a Supertaça e ainda aspira a repetir a proeza de 2016 quando foi campeão; o Arsenal, um dos big 6 que investiu uma pequena fortuna num defesa central e juntou o ex-benfiquista Nuno Tavares (6,5 milhões) a Cédric Soares; e, claro, o Tottenham, onde Nuno Espírito Santo vai tentar mostrar que o excelente trabalho em Wolverhampton não foi obra do acaso – mas para já tem de lidar com a dúvida Harry Kane. O argentino Cristian Romero, melhor defesa da última Serie A ao serviço da Atalanta, é por agora, a grande aquisição (chega por empréstimo com uma opção de compra de 55 milhões) mas tem-se falado com alguma insistência no médio João Palhinha como hipótese para o meio-campo dos Spurs.
Entre as restante equipas que compõem a edição 2021-22 da Premier League, o último destaque vai para o Wolverhampton, novamente a equipa mais portuguesa da prova. O treinador Bruno Lage e o guarda-redes José Sá compensaram as partidas de Nuno Espírito Santo e Rui Patrício, respetivamente, fazendo companhia a Nélson Semedo, Rúben Neves, João Moutinho, Pedro Neto, Daniel Podence, Fábio Silva e Trincão, que chega ao Molineux por empréstimo do Barcelona.