Quase todas estas investigações no STF e no TSE foram pedidas pelos juízes Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, razão pela qual o Presidente ameaçou pedir o de ambos.
Impeachment
trabalha no Ministério da Saúde, mas não fez nada para pôr fim à ilegalidade. “Ele [Miranda] pediu uma audiência para conversar comigo sobre várias ações. Tenho reunião com mais de 100 pessoas por mês, dos mais variados assuntos. Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa para mim, tomar providência”, admitiu o presidente, incorrendo assim no crime de “prevaricação”.
Esse crime já chegou ao STF, onde correm ainda mais quatro processos contra o presidente. Um deles busca identificar autores de notícias falsas contra juízes do próprio STF; outro, os membros da “quadrilha digital” por trás das manifestações a favor da ditadura militar, do ato de 1968 que permitiu tortura e censura no país e de uma intervenção armada. Bolsonaro e três dos seus filhos foram citados no inquérito.
O presidente pode vir a ser acusado, por outro lado, de falsidade ideológica, coação, advocacia administrativa, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada, prevaricação, denunciação caluniosa e crime contra a honra se forem provadas as acusações de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, de que interferiu na polícia federal para proteger parentes e amigos.
O mais recente dos inquéritos no STF, entretanto, é o de fuga de informação, em plena live semanal, de inquéritos sigilosos da polícia para averiguar invasão hacker a sistemas eletrónicos da justiça eleitoral.
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aliás, estão mais duas investigações contra o chefe de Estado: por disparos em massa de fake
via WhatsApp na campanha eleitoral de 2018 e por divulgação de mais notícias falsas sobre o voto eletrónico.
Quase todas estas investigações no STF e no TSE foram pedidas pelos juízes Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, razão pela qual o presidente ameaçou pedir o impeachment de ambos.
Além dos crimes listados na CPI, no STF e no TSE, o presidente da Câmara dos Deputados tem mais de cem pedidos de impeachment de Bolsonaro por crimes de responsabilidade para apurar. Um deles, assinado por 46 organismos e associações, entre os quais 11 partidos da oposição, enumera 23 transgressões, incluindo “exposição do país ao perigo de guerra”, por hostilizar países estrangeiros, incitação de militares à desobediência ou sabotagem à proteção dos direitos dos povos originários e ao meio ambiente.
Bolsonaro viu ainda o seu nome ser citado em gravações de uma cunhada, a que reportagem do portal UOL teve acesso, no caso das “rachadinhas” – desvio do salário dos assessores para o próprio bolso. O esquema milionário atinge também o vereador Carlos Bolsonaro, segundo filho do presidente, mas sobretudo o primogénito, o senador Flávio Bolsonaro, denunciado por organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Segundo a investigação, Flávio lavava o dinheiro numa loja de chocolates, num esquema milionário que envolve a milícia, máfia do Rio de Janeiro, e a aquisição de um imóvel de luxo em Brasília.
Além de Jair, Flávio, Carlos e Eduardo, também Jair Renan, o quarto filho, tem a justiça à perna num caso de suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro sob investigação da polícia federal.
O caso que envolvia a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que recebeu na sua conta dezenas de cheques de Fabrício Queiroz, o operacional das “rachadinhas” que esteve escondido em casa de Frederico Wassef, advogado de Bolsonaro, foi, entretanto, arquivado. Sobre estes pretensos crimes, o próprio Wassef disse ao jornal Folha de S. Paulo que “só há uma conclusão de todos esses inquéritos: o presidente é vítima”. “A todo o momento criam crimes que não existem, a cada hora com personagens diferentes, a cada hora com histórias diferentes”.