China passa a autorizar três filhos por casal
Forte desaceleração no crescimento populacional leva gigante asiático a rever as políticas de natalidade. Longe vai a política de filho único.
AChina formalizou a alteração legislativa que autoriza os casais a terem até três filhos, em vez de dois, depois de o último censo demográfico ter revelado uma forte desaceleração no crescimento populacional.
A decisão foi formalizada com a aprovação, na sexta-feira, de uma emenda à Lei da População e Planeamento Familiar pelo comité permanente do Congresso Nacional do Povo. A emenda anula as medidas restritivas que estavam em vigor, incluindo as multas a casais que tivessem mais filhos do que os permitidos por lei, segundo a agência oficial Xinhua.
Com as alterações, as autoridades locais passam a oferecer licença parental para promover os direitos das mulheres no emprego e está prevista a criação de mais infantários em áreas públicas e locais de trabalho.
A China praticou a política “um casal, um filho” entre 1979 e 2015, para desacelerar o crescimento da sua população e preservar os recursos escassos para a sua economia em expansão.
Em 2016 passou a permitir dois filhos por casal, mas acabou por subir o limite para três este ano, devido à baixa taxa de natalidade. No entanto, os casais permanecem reticentes em ter mais filhos, face aos elevados custos de vida e à discriminação das empresas contra as mães.
A queda na taxa de natalidade é vista pelos dirigentes chineses como uma grande ameaça ao progresso económico e à estabilidade social no país asiático. No ano passado, marcado pela pandemia de covid-19, o número de nascimentos caiu para 12 milhões, face a 14,65 milhões em 2019, quando a taxa de natalidade (10,48 por 1000) foi já a menor desde a fundação da República Popular da China, em 1949.
A queda de nascimentos em 2020 ocorreu pelo quarto ano consecutivo. A taxa de fecundidade fixou-se em 1,3 filhos por mulher em 2020, abaixo dos 2,1 estimados pelas Nações Unidas para manter uma população estável.