VOLTAS PELO PAÍS, CONGRESSOS, FESTAS E MUITO MAIS – A PENSAR NAS AUTÁRQUICAS
A praticamente um mês das eleições, os partidos apostam muito do regresso ao novo ciclo político na corrida às autárquicas. E distribuem iniciativas por vários locais, a bem da pandemia.
Mesmo que os partidos não o assumam frontalmente, as suas rentrées, que voltam em 2021 após um ano de quase suspensão por causa da pandemia (à exceção do PCP), são a senha para entrar em força na campanha das autárquicas. E vão fazer marcação cerrada uns aos outros, ou não se concentrassem as iniciativas no último fim de semana de agosto.
O PS foi fazendo deslizar a data do seu congresso para 28 e 29, vai desmultiplicá-lo por 13 locais no país, com a mesa do congresso em Lisboa, e o foco certamente estará apontado ao ato eleitoral que se realizará daí a um mês, a 26 de setembro.
Da Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, António Costa, que é novamente consagrado líder do PS, dará o pontapé de saída para os milhares de candidatos socialistas, com o objetivo de se manter muito à frente do seu adversário mais direto em número de câmaras conquistadas.
Rui Rio não faz por menos e vai dar uma volta ao país a partir de dia 25, em apoio aos candidatos do PSD, muitos em coligação com o CDS. E precisamente no dia 28, último do congresso socialista, discursará no fórum autárquico em Faro.
Marcação por marcação também fará o Bloco de Esquerda na sua rentrée, previsto que está o Fórum Socialismo também para o último fim de semana de agosto. A iniciativa, que esteve suspensa no ano passado por causa da pandemia, será dividida por dois dias e locais diferentes, Braga e Almada.
E embora os temas do fórum sejam muito diversificados – a saúde mental, a preparação para "novas pandemias" e o combate ao crime de enriquecimento injustificado, por exemplo –, também se falará do papel das autarquias no combate à crise. No encerramento, a líder bloquista, Catarina Martins, certamente não se esquecerá de mobilizar o partido para um combate que, apesar de não ser o mais determinante para o BE, ainda assim é importante para marcar pontos.
O CDS, que nas últimas eleições de 2017 teve um bom resultado – os 20% que Assunção Cristas conseguiu em Lisboa como cabeça de lista e as seis câmaras que conquistou (Velas, Ponte de Lima, Albergaria-a-Velha, Vale de Cambra, Santana e Oliveira do Bairro) –, também ruma a Mirandela no início de setembro, para entrar no novo ano político com o foco nas autárquicas.
Apesar de concorrer coligado com o PSD a muitos municípios, é muito importante para a direção de Francisco Rodrigues dos Santos, que tem sido contestado internamente, manter os ganhos das anteriores eleições ou até os reforçar. Daí que seja natural uma rentrée virada para as eleições de 26 de setembro e quase a um passo do período de campanha eleitoral.
Avante Festa do Avante!
O único partido que não abriu mão do habitual formato de retoma do ano político é o PCP. Avante com a Festa do Avante! foi o lema de 2020, quando a pandemia ainda não dava sinais de estar nem perto de ter uma solução. No ano passado, os comunistas resistiram às críticas de que foram alvo por se manterem indisponíveis para suspender aquela que é a maior iniciativa cultural e política do partido e apenas ajustaram o número de EP (entradas) às indicações da DGS.
Este ano, por maioria de razão, a Festa volta à Quinta da Atalaia, dias 3, 4 e 5 de setembro, e é inevitável que o secretário-geral do PCP fale da importância do poder local na história do partido. Um dos desafios de Jerónimo de Sousa continua a ser estancar as perdas que o PCP tem sofrido neste campo, pois só em 2017 deixou escapar 10 câmaras das suas mãos: Almada, Barreiro, Alcochete, Alandroal, Barrancos, Castro Verde, Moura , Beja, Constância e Peniche. Esta última foi conquistada por um grupo de independentes, todas as outras caíram no colo do PS.
O PAN , que concorre a 43 câmaras municipais com três coligações, sai um pouco da temática autárquica na sua rentrée ao realizar uma conferência dedicada à discussão dos resultados do relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), antecipando de alguma forma o que possa estar em cima da mesa na próxima Conferência das Partes.
O partido, agora liderado por Inês de Sousa Real, tem igualmente prevista uma saída de mar no concelho de Setúbal, sob a égide do tema oceanos, enquanto principal sumidouro de carbono e como forma de destacar a importância de um tratado internacional dos mares e assinalar o arranque da sessão legislativa com um conjunto de eventos digitais, nos quais pretendem debater temas como alterações climáticas, proteção animal, mobilidade, habitação, saúde e saúde mental, direitos sociais e humanos e retoma económica.
Não há é ainda datas para as iniciativas programadas.
Liberais no “regresso à vida”
O Iniciativa Liberal é que já entrou a pés juntos no novo ano político, ao ter celebrado A’gosto da Liberdade no dia 13 de agosto na sua primeira rentrée no Algarve, precisamente numa altura em que PS e
O PS foi fazendo deslizar a data do seu congresso para 28 e 29, e vai desmultiplicá-lo por 13 locais no país, com a mesa do congresso em Lisboa. O foco, certamente, estará apontado ao ato eleitoral que se realizada daí a um mês, a 26 de setembro.
PSD deixaram de investir na região para se relançarem nos novos desafios políticos.
Com a presença do líder do IL, João Cotrim Figueiredo, o ambiente foi mesmo de festa e com a reivindicação de um “regresso à vida”, aquele que foi coarctado pela pandemia e que os liberais já reivindicavam há mais tempo. Em junho já tinha realizado o Arraial Liberal, por altura dos Santos Populares, que motivou fortes críticas por não terem sido cumpridas as regras então impostas pela DGS.
Quem também aposta no Algarve é o Chega, que organiza a 31 de agosto, em Albufeira, a sua rentrée política, que contará com um discurso do presidente do partido, André Ventura, também a pensar nas eleições autárquicas.
De acordo com a descrição do evento enviada à Lusa por fonte oficial do partido e publicada na rede social Facebook, a rentrée política do Chega será no Monte das Oliveiras, em Albufeira, com lugares limitados. Para as 18h00 está marcado um welcome drink, seguido de jantar às 20h30, “num ambiente bastante agradável”, escreve o partido, convidando “todos os militantes e simpatizantes” do partido.
No ano passado só o PCP manteve inalterado o formato da Festa do Avante!, obviamente com menos pessoas, mas todas as restantes forças optaram por modelos diferentes.
O BE cancelou o habitual Fórum Socialismo, mas fez rentrées distritais nas duas primeiras semanas de setembro, de menor dimensão e com eventos sempre ao ar livre.
O PS teve congressos federativos em meados de setembro e o CDS iniciou a atividade política nos Açores, onde iriam decorrer as eleições regionais. Eleições essas que deram uma maioria de direita e que permitiram um governo de coligação PSD/CDS/PPM.
Já o PSD decidiu não realizar a festa do Pontal, no Algarve, nem o Chão da Lagoa, na Madeira, devido à pandemia, justificando a decisão com “as regras do bom senso”. Também a tradicional Universidade de Verão não aconteceu em 2020.
O IL ainda se aventurou numa rentrée em Faro e depois nos Açores e o Chega também teve comício no final de setembro, altura em que André Ventura já estava em rampa de lançamento para as presidenciais.