EDP tem parque eólico em alto-mar a dar energia a 60 mil famílias
EDP quer instalar mais turbinas, mas precisa que governo lance novos leilões de eólica offshore, o que não está previsto para já.
Oprimeiro e, até à data, único parque eólico offshore em Portugal produziu no seu primeiro ano de operação – de julho de 2020 a julho de 2021 – um total de 75 gigawatt hora (GWh), ou seja, o equivalente ao consumo anual de eletricidade de cerca de 60 mil famílias, informou ontem a EDP, acionista maioritária do projeto.
Nesse período, junho foi o melhor mês, com o parque a produzir 8,6 GWh, contudo, foi já no atual mês de agosto que se atingiu uma nova meta, ao estar quatro dias seguidos a produzir eletricidade de forma interrupta, adiantou o diretor do projeto, José Pinheiro. Além disso, as três torres eólicas que compõem o parque situado em alto-mar, a 18 quilómetros da costa de Viana do Castelo, suportaram ondas de cerca de 14 metros e ventos máximos de 134 quilómetros por hora. Nesse momento, por questões de segurança, as turbinas não puderam funcionar porque “o limite técnico são ventos de 90 quilómetros por hora”, explica José Pinheiro.
De acordo com o responsável, os resultados conseguidos no primeiro ano de operação mostram bem o potencial da nova tecnologia que é usada neste parque, chamado Windfloat Atlantic. Na prática, ela recorre a uma plataforma flutuante em forma de triângulo onde depois se monta a torre, a turbina e as pás, permitindo, desta forma, instalar parques eólicos em alto mar, a profundidades superiores a cem metros, e em zonas com mais vento, ou seja, que permitem uma maior produção. Antes desta tecnologia, que também é desenvolvida por algumas empresas estrangeiras, os parques eólicos offshore (no mar) tinham de ser instalados em águas mais rasas ou com profundidades mais baixas, e eram quase sempre fixos ao fundo do mar, o que não se passa no caso da Windfloat que pode ir até 400 metros de profundidade. Acresce que “uma eólica flutuante é menos intrusiva no mar porque não há uma penetração física no solo e há uma certa flexibilidade”, repara José Pinheiro.
Perante a evolução deste projeto, que começou a ser desenvolvitamos
do em 2011 com um protótipo instalado na Aguçadora, ao largo da Póvoa de Varzim, a EDP e os restantes acionistas da Windfloat Atlantic têm planos para expandir o parque de Viana do Castelo. Aliás, o cabo subaquático da Redes Energéticas Nacionais (REN) que faz a ligação do parque a terra tem capacidade para 200 MW e o Windfloat tem um total 25 MW distribuídos por três eólicas. Quer isto dizer que podem ser instaladas mais 17 a 18 eólicas flutuantes.
À espera de leilões
Mas, segundo José Pinheiro, neste momento, não é possível avançar para a expansão porque não estão previstos quaisquer leilões de venda energia para parques eólicos offshore em Portugal. “Se o governo lançar um leilão, nós esaí”, afirmou José Pinheiro. De acordo com o responsável, a expansão do parque permitiria alavancar a tecnologia usada, industrializá-la e, consequentemente, torná-la mais barata. É que, atualmente, produzir e instalar estas eólicas flutuantes custa cerca de quatro vezes mais do que as eólicas offshore fixas e convencionais. Ora, se o valor do investimento nos projetos é superior, o preço a que a eletricidade é vendida à rede tem de ser mais alto. No Windfloat, a eletricidade tem estado a ser vendida à rede a cerca de 140 euros por megawatt hora (MWh), o que compara com os “50 a 60 euros por MWh” a que se vende à rede a eletricidade produzida num parque offshore convencional.