PCP contra certificado de vacinação no trabalho
Jerónimo diz que é “inaceitável” que empresas obriguem trabalhadores a apresentar comprovativo.
Líder do PCP descartou polémicas em torno da Festa do Avante!, criticando a “operação de provocação” do ano passado.
Jerónimo de Sousa classificou ontem como “inaceitável” que as empresas obriguem os trabalhadores a apresentar um certificado de vacinação contra a covid-19, sustentando que a pandemia está a ser aproveitada para alimentar situações de discriminação.
O líder do PCP defendeu que é importante “saber se por razões sanitárias criámos um ‘apartheid’ no nosso país, em que, por exemplo, o direito ao trabalho, o direito ao emprego, está questionado por essas entidades patronais, que consideram que um trabalhador ou trabalhadora que não tenha esse certificado está proibido de procurar emprego”. Jerónimo de Sousa recordou que no quadro da Constituição, “o princípio do direito ao trabalho e do direito ao emprego são direitos invioláveis” e “são direitos fundamentais que as pessoas têm”.
“Esta questão da epidemia está a ser aproveitada por setores patronais” para promover “a discriminação” e “a desigualdade” no que diz respeito ao direito ao trabalho, alegou o líder comunista, reiterando: “Quero reafirmar com veemência o caráter inaceitável dessa medida, de que quem não tem esse certificado não pode procurar emprego, não pode resolver os problemas da sua vida.”
Jerónimo de Sousa falava à margem de uma visita à Quinta da Atalaia (Seixal), onde estão a decorrer os preparativos para a Festa do Avante!. Sobre a rentrée do partido, o secretário-geral comunista descartou eventuais polémicas, à semelhança do que aconteceu em 2020, considerando que a edição anterior descredibilizou as críticas feitas ao evento e o que qualificou como uma “operação claramente de provocação”.
“A vida provou, em relação à festa do ano passado, essa garantia de que é um dos espaços mais seguros em termos de saúde pública”, referiu o dirigente comunista, acrescentando que “o respeito pelas normas, que foram cumpridas desativou essa operação claramente de provocação, uma ofensiva ideológica, procurando minimizar a festa e o partido”.
Questionado sobre as críticas feitas por moradores daquele concelho e pelas manifestações que decorreram no exterior contra a realização da edição do ano passado, sustentadas na pandemia e no eventual aumento no número de infeções, o dirigente comunista admitiu que alguns setores “estavam preocupados”. Mas esses mesmos setores “foram os primeiros, depois da festa, a reconhecer que afinal era possível” realizar o evento, no “quadro de equilíbrio” entre o cumprimento das regras de saúde pública e o “respeito pelos direitos, liberdades e garantias fundamentais”.
Sobre a edição deste ano, Jerónimo de Sousa disse que o PCP está a aguardar por um parecer da Direção-Geral da Saúde em relação ao plano de contingência.