EUA matam alvos do ISIS-K. Al-Qaeda à procura de um Messias
Foi a resposta ao atentado. Talibãs criticam não terem sido informados antes.
Os EUA anunciaram a morte de dois alvos importantes do Estado Islâmico Província de Khorasan (conhecido pelas iniciais ISIS-K), num ataque com drones no Afeganistão, numa resposta ao atentado suicida perpetrado pelo grupo na quinta-feira. “Não vamos perdoar”, tinha avisado o Presidente norte-americano, Joe Biden. Na contagem decrescente para o fim da retirada, com a partida do último voo britânico com civis afegãos e o início da saída dos militares dos EUA, o risco de novos ataques continua a pairar sobre o aeroporto de Cabul.
Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, os alvos abatidos na província de Nangarhar, no Leste do Afeganistão, eram “um estratego e um operacional do ISIS-K”. Um terceiro ficou ferido. Não é claro se tiveram algum papel no ataque desta semana, que deixou quase 200 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos. “O facto de dois destes indivíduos já não estarem a andar à face da Terra é uma coisa boa”, acrescentou. Nenhum civil terá sido morto no ataque, segundo a mesma fonte.
Os talibãs, cujo regresso ao poder precipitou a fuga de milhares de afegãos nos últimos dias, criticaram o facto de não terem sido informados previamente do ataque com o drone. “Os americanos deviam ter-nos informado antes de realizar o ataque”, disse um porta-voz à Reuters. “Foi claramente um ataque em território afegão, duas pessoas morreram, duas mulheres e uma criança ficaram feridas”, acrescentou.
A resposta ao atentado de quinta-feira surge numa altura em que ainda decorre a retirada. Desde 15 de agosto, cerca de 117 mil pessoas voaram para fora de Cabul, de acordo com as contas norte-americanas. No aeroporto havia ontem ainda perto de 1400 afegãos preparados para partir. No exterior do aeroporto, os talibãs reforçaram a segurança com novos controlos e bloqueios a surgirem e só quem estava autorizado a partir podia entrar. Os EUA pediram aos seus cidadãos ainda no país que não se aproximassem do local, falando do risco de novos atentados.
O Reino Unido fez o último voo, tendo retirado quase 15 mil pessoas do país. Itália e Espanha também deram por terminadas as operações. Num vídeo publicado no Twitter, o embaixador britânico, Laurie Bristow, disse que era hora de “fechar esta fase de operações”. Mas “não esquecemos as pessoas que ainda precisam de sair” e “vamos continuar a fazer tudo o que pudermos para os ajudar”. O Presidente Emmanuel Macron disse que França está em negociações com os talibãs, através do Qatar, para missões humanitárias que permitam retirar mais civis.