Diário de Notícias

EUA matam alvos do ISIS-K. Al-Qaeda à procura de um Messias

Foi a resposta ao atentado. Talibãs criticam não terem sido informados antes.

- TEXTO SUSANA SALVADOR susana.f.salvador@dn.pt

Os EUA anunciaram a morte de dois alvos importante­s do Estado Islâmico Província de Khorasan (conhecido pelas iniciais ISIS-K), num ataque com drones no Afeganistã­o, numa resposta ao atentado suicida perpetrado pelo grupo na quinta-feira. “Não vamos perdoar”, tinha avisado o Presidente norte-americano, Joe Biden. Na contagem decrescent­e para o fim da retirada, com a partida do último voo britânico com civis afegãos e o início da saída dos militares dos EUA, o risco de novos ataques continua a pairar sobre o aeroporto de Cabul.

Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, os alvos abatidos na província de Nangarhar, no Leste do Afeganistã­o, eram “um estratego e um operaciona­l do ISIS-K”. Um terceiro ficou ferido. Não é claro se tiveram algum papel no ataque desta semana, que deixou quase 200 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos. “O facto de dois destes indivíduos já não estarem a andar à face da Terra é uma coisa boa”, acrescento­u. Nenhum civil terá sido morto no ataque, segundo a mesma fonte.

Os talibãs, cujo regresso ao poder precipitou a fuga de milhares de afegãos nos últimos dias, criticaram o facto de não terem sido informados previament­e do ataque com o drone. “Os americanos deviam ter-nos informado antes de realizar o ataque”, disse um porta-voz à Reuters. “Foi claramente um ataque em território afegão, duas pessoas morreram, duas mulheres e uma criança ficaram feridas”, acrescento­u.

A resposta ao atentado de quinta-feira surge numa altura em que ainda decorre a retirada. Desde 15 de agosto, cerca de 117 mil pessoas voaram para fora de Cabul, de acordo com as contas norte-americanas. No aeroporto havia ontem ainda perto de 1400 afegãos preparados para partir. No exterior do aeroporto, os talibãs reforçaram a segurança com novos controlos e bloqueios a surgirem e só quem estava autorizado a partir podia entrar. Os EUA pediram aos seus cidadãos ainda no país que não se aproximass­em do local, falando do risco de novos atentados.

O Reino Unido fez o último voo, tendo retirado quase 15 mil pessoas do país. Itália e Espanha também deram por terminadas as operações. Num vídeo publicado no Twitter, o embaixador britânico, Laurie Bristow, disse que era hora de “fechar esta fase de operações”. Mas “não esquecemos as pessoas que ainda precisam de sair” e “vamos continuar a fazer tudo o que pudermos para os ajudar”. O Presidente Emmanuel Macron disse que França está em negociaçõe­s com os talibãs, através do Qatar, para missões humanitári­as que permitam retirar mais civis.

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Talibãs reforçaram o controlo no aeroporto depois do atentado.

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