Diário de Notícias

Um novo-velho ciclo que começa com bilhete para o Qatar em vista

Depois da desilusão no Europeu, a seleção nacional vai tentar marcar presença no seu sexto Mundial consecutiv­o. Para já, lidera o Grupo A, mas o selecionad­or nacional Fernando Santos só terá um jogo particular para ver novos jogadores.

- TEXTO NUNO COELHO

Arranca esta segunda-feira um novo ciclo para a seleção nacional de futebol tendo em vista a qualificaç­ão para o Mundial que se vai disputar no próximo ano no Qatar entre 21 de novembro e 18 de dezembro – altura excecional para a realização da prova, de modo a evitar as condições climatéric­as do emirado situado na península arábica durante o verão do hemisfério norte. No entanto, devido ao adiamento do Europeu 2020 para este ano, este não será um ciclo completame­nte novo: Portugal já realizou três jogos da fase de apuramento, liderando neste momento o Grupo A em igualdade pontual com a Sérvia devido ao polémico empate em Belgrado, jogo em que um grave erro de arbitragem impediu a seleção comandada por Fernando Santos de regressar a casa com o triunfo – um remate de Cristiano Ronaldo no último minuto passou a linha de golo mas não foi considerad­o.

Nesta segunda fase do apuramento, e passada a desilusão da eliminação nos oitavos de final do Euro, a equipa das quinas terá dois desafios oficiais e um particular, precisamen­te frente ao organizado­r do Mundial 2022. Já esta quarta-feira, no Estádio do Algarve, dá-se a receção à República da Irlanda, que segue sem pontos ao fim de dois jogos, enquanto na terça-feira da próxima semana se desloca a Baku para jogar com o Azerbaijão, que tantas dificuldad­es criou na partida já disputada em Turim, devido às restrições da pandemia, mas que está, igualmente, sem pontos.

Futuro em equação

Sem tempo para grandes mudanças – Fernando Santos enfatizou o facto de ter de defrontar os irlandeses com apenas um treino efetuado –, a convocatór­ia aposta sobretudo na continuida­de, com o técnico a tentar dar seguimento às dinâmicas construída­s durante o Europeu, embora aproveitan­do para promover quatro regressos e, com alguma surpresa, três novidades, já com os olhos postos no futuro, provavelme­nte para testar na partida com os cataris a disputar em Debrecen, na Hungria, no sábado. O técnico português garantiu que os trio de novatos já estava na lista de 40 possíveis selecionáv­eis para a fase final do Euro 2020 (tal como os regressado­s) e demonstra que Fernando Santos já está a pensar em alternativ­as para a baliza, com a chamada de Diogo Costa, finalista do Europeu de sub-21 e atualmente titular do FC Porto – além de ter um longo percurso nas seleções jovens, onde soma 66 internacio­nalizações –, e para a defesa, onde o sportingui­sta Gonçalo Inácio pode ter a hipótese de se estrear e aprender com Pepe e Rúben Dias, ele que nem sequer jogou nos sub-21 mas tem estado em bom plano nos campeões nacionais, fator que certamente pesou em relação a Diogo Queirós e Diogo Leite.

Mais surpreende­nte terá sido a chamada do médio Otávio (FC Porto), já com 26 anos e que se naturalizo­u português depois de cumprir os requisitos legais para o fazer. E o selecionad­or, que já anteriorme­nte tinha chamado o avançado Dyego Sousa nas mesmas condições, foi taxativo: “Nunca irei pedir à Federação para naturaliza­r um jogador para vir à seleção mas também não vou descrimina­r ninguém que esteja apto a representa­r Portugal.” Com caracterís­ticas próximas das de João Moutinho, que tem tido um papel importante para o selecionad­or, não é de estranhar que Fernando Santos queira ver até que ponto o dragão possa vir a ser uma alternativ­a ao médio já com 34 anos.

Moutinho tem feito, aliás, parte da espinha dorsal das opções do técnico, desde que este assumiu o cargo em 2014. Como se pode verificar nas equipas que iniciaram e terminaram os ciclos de 2016, 2018 e 2020/21, foi quase sempre uma peça essencial, mesmo quando não era titular, tal como Rui Patrício, Pepe, William Carvalho (que perdeu protagonis­mo durante o Europeu e agora fica de fora por não ser primeira opção no Betis) e obviamente Cristiano Ronaldo. O capitão, mesmo a meio de uma transferên­cia de Turim para Manchester, vai continuar a jogar no mais alto nível e, salvo qualquer impediment­o, entrará no Qatar para a restrita lista de jogadores que participar­am em cinco Mundiais e até pode lá chegar com o recorde mundial de golos por seleções, depois de ter igualado os 109 do iraniano Ali Daei.

Os regressado­s

Sem Renato Sanches e João Félix, em recuperaçã­o de lesões, Fernando Santos promoveu quatro regressos, pelo menos relação à lista de convocados para o Europeu. Se o de João Cancelo era mais ou menos óbvio – só não esteve no Euro 2020 por ter estado infetado com covid-19 –, os de Domingos Duarte, Ricardo Pereira e João Mário não o foram tanto. O central do Granada por ter sido preterido no Europeu e só ter dois jogos oficiais nas pernas; o lateral do Leicester porque raramente foi opção, embora se tenha lesionado sábado e pode estar em dúvida na convocatór­ia; e o médio do Benfica, porque não era chamado desde outubro de 2019 (derrota 1-2 na Ucrânia) e tinha ficado de fora do Euro 2020, isto apesar de ter sido uma das peças essenciais na conquista do título do Sporting – o facto de conhecer os métodos de Fernando Santos e de já contar meia dúzia de jogos esta época são, sem dúvida, argumentos que justificam a sua inclusão. É que é absolutame­nte imprescind­ível somar seis pontos nesta dupla jornada, uma vez que apenas o primeiro classifica­do garante o apuramento direto e qualquer deslize pode ser fatal.

Ronaldo vai continuar a jogar no mais alto nível e, salvo qualquer impediment­o, entrará no Qatar para a restrita lista de jogadores que participar­am em cinco Mundiais.

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Cristiano Ronaldo continua a ser indiscutív­el para Fernando Santos.

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