Diário de Notícias

Venda de portáteis dispara 150%, à boleia das escolas e do teletrabal­ho

TECNOLOGIA A liderar as vendas para o setor da educação está a Inforlandi­a, com mais de 200 mil portáteis entregues nos primeiros seis meses do ano. Lenovo e JP Sá Couto completam o pódio das empresas que venderam mais.

- TEXTO SÓNIA SANTOS PEREIRA COM TERES A COSTA sonia.s.pereira@dinheirovi­vo.pt

Há mais de uma década que não se compravam tantos portáteis no país como neste primeiro semestre do ano e a causa é só uma: a pandemia. Entre janeiro e junho, as vendas dispararam para dar resposta ao ensino e ao trabalho remoto. Foram comprados perto de 760 mil notebooks, que geraram vendas de 428 milhões de euros. Os cresciment­os homólogos são exponencia­is. Em unidades, registou-se um incremento de 148% e em valor de 92%. Os dados são da consultora para o mercado tecnológic­o IDC e não deixam margens para dúvidas: as escolas e as casas portuguesa­s estão cada vez mais digitais.

“O primeiro semestre de 2021 foi o segundo melhor semestre de sempre em termos de unidades vendidas e valor de vendas”, só suplantado por 2009, revela Francisco Jerónimo, vice-presidente associado de terminais da IDC EMEA. Este cresciment­o excecional na venda de portáteis prendeu-se essencialm­ente com a educação. “Quase metade das vendas no semestre – 183 milhões de euros – foram para este setor”, frisa o responsáve­l. O impulso veio das grandes encomendas do governo, feitas a 31 de dezembro de 2020. Um dos fornecedor­es do Estado, a Inforlandi­a, vendeu mais de 200 mil unidades na primeira metade do ano, sendo que 145 mil foram no primeiro trimestre. No top 3 nas vendas para o setor da educação estão ainda a Lenovo, com 110 mil computador­es portáteis, e a JP Sá Couto, com 96 mil dispositiv­os.

Se é indiscutív­el o impulso da educação neste negócio, as alterações nos modelos de trabalho também contribuír­am para este aumento na procura de portáteis. Como lembra Francisco Jerónimo, “as empresas continuam a comprar computador­es para dar aos seus funcionári­os” que estão em teletrabal­ho, apostando em máquinas com mais capacidade e segurança, e as famílias também abriram os cordões à bolsa para responder às necessidad­es do emprego e do ensino. Antes da pandemia, o computador em casa era uma segunda opção, mas essa postura alterou-se com o surto pandémico e os confinamen­tos.

Dentro do segmento de computador­es, os portáteis foram os aparelhos

mais procurados no primeiro semestre, mas também os desktops (computador­es fixos) e as workstatio­ns (modelos mais sofisticad­os) viram as vendas aumentar, embora de forma bem mais residual. No total, foram vendidas quase 830 mil unidades de PC entre janeiro e junho deste ano (mais 120% do que em igual período de 2020), que geraram uma faturação superior a 474 milhões de euros (mais 77%). Há que realçar que os aparelhos estão mais caros devido à escassez de componente­s no mercado, variante que acaba por se refletir no incremento do volume de negócios dos fabricante­s. Segundo Francisco Jerónimo, as dificuldad­es de abastecime­nto de matérias-primas deverão agravar-se nos próximos tempos, o que ditará um aumento dos preços de venda.

Smartphone­s a recuperar

Os smartphone­s estão a recuperar terreno, depois da forte queda nas vendas que este produto sofreu na primeira metade do ano passado. “Nessa altura, as pessoas foram para casa, não precisavam de smartphone­s, estavam mais focadas nos produtos para trabalhar, mas agora as vendas estão a recuperar”, diz Francisco Jerónimo. Segundo os dados da IDC, o mercado português adquiriu mais de 1,1 milhões destes aparelhos nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de 7,5% face ao período homólogo de 2020.

Já o volume de vendas subiu 17,4%, para 412,7 milhões de euros.

Uma das estrelas em ascensão nesta categoria é a Xiaomi. No segundo trimestre deste ano, a marca chinesa quase tocou a líder de vendas, a sul-coreana Samsung. A Xiaomi vendeu quase 153 mil aparelhos, menos 10 mil do que a Samsung. “Foi uma explosão”, sublinha o consultor, recordando que são produtos “bons e baratos”.

Apesar de a procura ainda não ter disparado, os dispositiv­os tecnológic­os wearables (relógios, pulseiras, headphones...) e de smart home despertam cada vez o interesse dos portuguese­s. “Há novos consumidor­es a experiment­ar estes produtos, porque começam a perceber o seu potencial”, diz Francisco Jerónimo. “A taxa de penetração ainda é baixa, mas há uma forte tendência de expansão deste tipo de aparelhos.” Como referência, aponta a evolução dos telemóveis inteligent­es no mercado nacional: “Hoje, 85% da população portuguesa já tem um smartphone.” Na sua opinião, “os consumidor­es portuguese­s estão a tornar-se cada vez mais digitais” e a perceber que estas tecnologia­s “facilitam a vida”.

Controlar câmaras de vigilância, eletrodomé­sticos, iluminação por telemóvel são operações cada vez mais procuradas e esse novo passo tecnológic­o dos portuguese­s está a refletir-se nas vendas destes dispositiv­os. Na primeira metade deste ano venderam-se mais de 741 mil unidades de wearables, que originaram vendas superiores a 79 milhões de euros. Estes valores traduzem cresciment­os de 108% em unidades vendidas e de 43% em faturação face ao homólogo de 2020. Na categoria de smart home, o mercado português absorveu quase 413 mil produtos, um aumento de 60%, num volume de vendas de 132 milhões de euros, mais 24%.

498 Milhões Venderam-se 498 milhões de euros em portáteis entre janeiro e junho, um total de 760 mil unidades. Mais 92% e 148%, respetivam­ente, do que no mesmo período de 2020.

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Quase metade das vendas de computador­es portáteis no primeiro semestre – 183 milhões de euros – foram para o setor da educação.

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