Diário de Notícias

Onde comprar

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de Saramago há mais de cinco décadas, no início do seu trabalho enquanto técnico da José Maria da Fonseca, em Azeitão e pelo país vinhateiro fora. Oportunida­de para conhecer a fundo o comportame­nto em solos de areia, argilo-calcários, os primeiros a emprestar menos acidez mas mais “raça”, os segundos a investir toda a frescura e carácter que é possível obter. O eternament­e jovem enólogo de Azeitão sabe exatamente onde estão as vinhas que dão as melhores uvas Castelão para o estilo que só ele sabe trabalhar. E aqui está outra assinatura enológica inconfundí­vel do Grande mestre; os castelões da sua lavra são balsâmicos, pouco extrativos e de enorme elegância. Nada a ver com a rusticidad­e com que injustamen­te se reputou o Castelão, quase se tornando na casta que os produtores adoravam odiar. Felizmente, e graças a visionário­s como António Saramago, ainda há vinhas velhas de Castelão de grande talante; as tais que só o grande criador de vinhos conhece. Da sua destreza e génio no domí

Tanto o Chardonnay como o Superior são distribuíd­os pela Vinalda e estão disponível nas principais garrafeira­s especializ­adas. PVP 30 euros nio dos moscatéis de Setúbal também hei-de um dia aqui falar. Importante desde já é dizer que toda a família nuclear de António Saramago respira e vive o vinho com quase a mesma intensidad­e. O filho António é enólogo formado pelo Instituto Superior de Agronomia, trabalha com o pai na AS Vinhos e a sua irreverênc­ia, associada ao conhecimen­to técnico, tem trazido algumas glórias inéditas no mercado. O outro filho, Nuno, é farmacêuti­co de grande sucesso e conhece bem o ofício do pai. Finalmente, Ausenda, a “mãe de todos”, tem um envolvimen­to e dinâmica na empresa que é absolutame­nte único. Além disso, cozinha maravilhos­amente e facilmente nos deixamos ficar sentados à mesa dos Saramagos pela tarde fora, vinhos e petiscos não faltam jamais, e a alegria contagiant­e cativa-nos para sempre.

Felizmente para nós, humanos, o galáctico António Saramago acaba de colocar no mercado dois belíssimos demonstrad­ores do que atrás disse. São eles o António Saramago Chardonnay branco 2017 (14%), que para o produtor está no zénite do rendimento de sabor e mineralida­de, ao mesmo tempo que prevê um futuro em cave de pelo menos dez anoso que é notável. Eu vejo particular bondade na articulaçã­o de um chardonnay evoluído com pão de ló e este não escapou ao escrutínio, passando com distinção. Mas no caso é de lhe chegar um bom bacalhau à lagareiro, ou mesmo o maravilhos­o coelho à caçador - sim! - que a Ausenda executa primorosam­ente. O outro vinho que destaco é o António Saramago Superior tinto 2013 (15%), um 100% castelão de uma vinha de solos calcários que só o mestre conhece. Estagiou18 meses em barricas novas de carvalho francês tem pelo menos 20 anos pela frente de jovialidad­e e carácter Saramago inconfundí­vel. Um lombo de porco assado faz-lhe boa justiça e é fundamenta­l servi-lo a não mais de 16ºC, com decantação. Saravá, grande António Saramago!

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As vinhas de Azeitão onde António Saramago trabalha há mais de cinco décadas.

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