Portugal já exportou quase 1100 milhões a mais do que em 2019
Recuperação
Portugal exportou, nos primeiros sete meses do ano, bens no valor aproximado de 36.803 milhões de euros, o que representa um aumento homólogo de 22,2% e de 3,1% comparativamente ao período pré-pandemia. Na prática, isto significa um aumento de 1.097 milhões de euros face a julho de 2019 e atesta a recuperação dos principais setores da economia nacional. Uma recuperação que só não é maior porque a categoria de material de transporte, onde se incluem as vendas ao exterior de carros e de componentes para a indústria automóvel, está ainda abaixo do período pré-covid, influenciadas pela falta de chips e componentes que têm obrigado a indústria a parar um pouco por todo o mundo.
Os dados são do Instituto Nacional de Estatística e mostram que todas as grandes categorias económicas de bens cresceram no acumulado do ano comparativamente a igual período de 2019, com exceção, precisamente, do material de transporte, que cai 9,1% para 5.146 milhões de euros, menos 775,4 milhões que antes da pandemia.
Do lado das boas notícias, o INE destaca os acréscimos de 5,9% nos fornecimentos industriais, para 12.250 milhões de euros, de 9,2% nas máquinas e outros bens de capital (5.187 milhões) e de 10,5% nos produtos alimentares e bebidas, que venderam ao exterior 3.843 milhões de euros.
No mesmo período, as importações totalizaram 45.330 milhões de euros, mais 17,25% do que nos primeiros sete meses de 2020 mas ainda 4,75% abaixo de 2019. Para esta descida contribuiu a quebra de 17,45% nas exportações de combustíveis e lubrificantes, mas, sobretudo, o decréscimo de 32,4% nas importações de material de transporte e acessórios, correspondentes a 2.924 milhões de euros a menos comprados ao exterior.
Analisando apenas os dados de julho, as exportações e as importações de bens de consumo registaram variações homólogas nominais de 11,7% e de 21,4%, respetivamente. Sendo que o INE lembra que estas variações homólogas “incidem sobre um mês de 2020 em que o impacto da pandemia de covid-19 se fez sentir de forma intensa”. Comparativamente a julho de 2019, as exportações crescem 4,1% e as importações caem 2%.
Excluídos os combustíveis e lubrificantes, as exportações aumentaram 8,6% em julho e as importações dispararam 15,2%. Já na comparação com o mesmo mês de 2019, regista-se um acréscimo de 4,8% nas vendas ao exterior e um decréscimo de 2,2% nas compras.
Assim, o défice da balança comercial de bens cresceu 662 milhões de euros face ao mês homólogo de 2020, atingindo os 1.493 milhões. Excluindo os combustíveis e lubrificantes, o défice foi de 943 milhões. Comparativamente a julho de 2019, o défice diminuiu em 381 milhões.
Em termos de destinos, destaque para o crescimento de 10,9% homólogo das vendas para Espanha, correspondentes a mais 146 milhões de euros. O Reino Unido cresce 20,9%, EUA 28,2%, Itália 29,3% e Holanda 30,8%. França e Alemanha têm performances percentuais mais modestas, mas igualmente importantes, com crescimentos respetivos de 2% e de 8,5%.
Indústria automóvel
Numa análise mais fina, destaque para a quebra de 10,8% nas exportações de componentes automóveis, em julho, comparativamente ao mesmo mês de 2019. No acumulado do ano, as vendas ao exterior de componentes atingiram os 5.538 milhões, um valor que corresponde a uma diminuição de 4,6% face aos primeiro sete meses de 2019.
Espanha continua a ser o principal destino das exportações de componentes automóveis e cresce 2,7%, no acumulado do ano, para 1.609 milhões de euros. A Alemanha cai 6,3% para 1.123 milhões, e a França perde 22,7% para 666 milhões de euros. As vendas para o Reino Unido caíram 45,4% (para 265 milhões), fruto do brexit.
“Estes valores menos positivos, continuam a dever-se à falta de chips e componentes eletrónicos, o que tem provocado graves problemas nas cadeias de abastecimento, levando os construtores a interromperem temporariamente o trabalho. Uma situação que tem acontecido em Portugal, mas também um pouco por todo o mundo”, destaca a AFIA em comunicado
“Dada a atual instabilidade que se vive na indústria automóvel, com os problemas de abastecimento de matérias-primas e mudança de paradigma na mobilidade, a AFIA pede que sejam criadas soluções flexíveis para que as empresas de componentes automóveis se possam adaptar aos ciclos de produção e assim responderem de uma forma eficaz e eficiente às flutuações das encomendas”, acrescenta.
Destaque, ainda, para a indústria têxtil e do vestuário, cujas exportações, em julho, foram de 553 milhões, 4% acima de igual mês de 2019. No acumulado o ano, a ITV exportou 3.191 milhões e está em linha com o período pré-pandemia (+0,2%). Números que não mostram as “enormes diferenças” que ainda subsistema em termos de atividades e de produtos, como explica a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).