Diário de Notícias

Apesar das resistênci­as no MES,Jorge Sampaio aceitou o convite de Mário Soares para ir à ONU numa “missãoespe­cial”, para abrir caminho à aceitação do novo regime.

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litares”, tinha uma formação cultural e política nitidament­e superior à da generalida­de dos seus pares, chegando a estar envolvido na candidatur­a da CDE nos Açores, em 1969, apesar de ser oficial do quadro permanente no ativo. Coautor do programa do MFA e membro da respetiva comissão coordenado­ra, era um dos elementos mais influentes do novo poder saído da Revolução dos Cravos.

Na sequência da tentativa de golpe de 11 de março de 1975, o poder virou ainda mais à esquerda e o então primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, formou um novo executivo, o IV Governo Provisório. Melo Antunes tomou posse como ministro dos Negócios Estrangeir­os e convidou Sampaio para secretário de Estado da Cooperação. Libertos dos preconceit­os do seu ex-partido, os ex-MES gozavam as delícias do poder: João Cravinho foi ministro da Indústria e César Oliveira adjunto do ministro da Comunicaçã­o Social. Do gabinete de Jorge Sampaio fazia ainda parte outro veterano do movimento, o ativista anticoloni­al Luís Moita. (PREC) parecia incontrolá­vel. A divisão entre as forças favoráveis a uma democracia de tipo ocidental e a vanguarda revolucion­ária do PCP e partidos satélites também se acentuava entre os militares. Moderados e esquerdist­as (divididos entre a “esquerda militar” pró-comunista de Gonçalves e os radicais de Otelo) seguiam em rota de colisão.

Melo Antunes destacava-se entre os moderados, sendo o primeiro subscritor do Documento dos Nove, exigindo a demissão deVasco Gonçalves e o respeito pela democracia pluralista. Antes, o “caso República” levara à demissão dos ministros do PS, imitados pelos do PPD. O independen­te Sampaio também se demitiu, acompanhad­o por Cravinho, apelando a que o MFA assumisse a condução política do processo. O IV Governo caiu.

Sampaio ainda foi convidado para o efémero V Governo Provisório, o mais isolado de Gonçalves. Não aceitou. Tal como não aceitou ir para o VI Governo, de Pinheiro de Azevedo. Mas aproximou-se ainda mais de Melo Antunes, figura-chave do equilíbrio de poderes saído do 25 de Novembro. E que, face à derrota das forças totalitári­as, se apressou a salvar os comunistas de eventuais retaliaçõe­s ao afirmar, na televisão, que a participaç­ão do PCP era “indispensá­vel”.

O MES extinguiu-se em 1981.

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