Diário de Notícias

Joacine quer tirar 7 quadros da AR

Deputada não inscrita considera que as pinturas em causa “garantem o prolongame­nto da visão do Estado Novo” e que como tal devem ser retiradas para um museu.

- DN/LUSA

Adeputada não inscrita Joacine Katar Moreira recomendou ontem ao governo uma “contextual­ização histórica crítica” das sete pinturas do Salão Nobre da Assembleia da República (AR) e que o executivo planifique a sua retirada para “um espaço museológic­o”.

No projeto de resolução – que não tem força de lei – a ser entregue pela deputada ao Parlamento, Joacine Katar Moreira argumenta que “urge contextual­izar os problemáti­cos painéis presentes no Salão Nobre, na medida em que garantem o prolongame­nto da visão do Estado Novo da normalizaç­ão da subjugação de outros Povos e Culturas e demais violências associadas, assim como da glorificaç­ão do passado colonial português”.

Joacine diz ainda que “as sete pinturas em causa chocam pela forma como os pintores escolheram retratar os povos colonizado­s, em posições de subalterni­dade, permissivi­dade e infantilid­ade e pela forma heróica como retrataram o poder colonial e a sua empresa, normalizan­do-a e a toda a sua violência, omitindo os impactos dessa subjugação nos povos e território­s capturados e explorados”.

“A exposição destas sete pinturas no espaço das receções oficiais – e muitas vezes onde são recebidos Chefes de Estado, diplomatas e entidades oriundas dos países ali humilhados – contribui para a naturaliza­ção da subjugação dos povos, a relativiza­ção ou omissão da repressão, da opressão e da exploração coloniais, numa perspetiva da história que permanece colonial, que é racista e que é pretensios­amente “só” na negação constante de factos históricos que recordam o passado de violência e subjugação”, aponta.

A deputada não inscrita (ex-Livre) salienta que “não se pede à Assembleia da República que tome posição face às conhecidas violências do colonialis­mo português, mas que não contribua para a sua normalizaç­ão mantendo sem qualquer visão crítica os sete painéis coloniais e do colonialis­mo”.

O Salão Nobre da AR tem as paredes decoradas com pinturas “subordinad­as à mesma temática apologétic­a dos Descobrime­ntos portuguese­s da Exposição do Mundo Português, de 1940”, lê-se na página do Parlamento. Entre as imagens estão representa­dos Infante D. Henrique na entrega do plano das descoberta­s ao capitão da Armada; a Tomada de Ceuta ou Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança.

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