Diário de Notícias

Tráfico de menores diminuiu devido às restrições de mobilidade por causa da covid-19

PORTUGAL Observatór­io de Tráfico de Seres Humanos denuncia que metade das vítimas sinalizada­s vêm da Ásia.

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Asinalizaç­ão de menores vítimas de tráfico de seres humanos em Portugal registou uma diminuição no ano passado devido às restrições de mobilidade por causa da pandemia, indica o Observatór­io de Tráfico de Seres Humanos (OTSH). No seu relatório anual frisa ainda que metade das vítimas sinalizada­s em Portugal por tráfico de seres humanos em 2020 era oriunda da Ásia, sobretudo da Índia, a única nacionalid­ade que registou um aumento de casos.

O documento, divulgado ontem para assinalar o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, frisa que “2020 assinala uma diminuição de sinalizaçã­o de menores, parcialmen­te explicada pelo decréscimo das situações detetadas em ‘trânsito’, espaço onde nos últimos anos mais se tem sinalizado menores”.

Sustenta que para este decréscimo “não será de ignorar as medidas de confinamen­to/restrição à mobilidade em todo o mundo, para além da interdição do tráfego aéreo com destino e a partir de Portugal de todos os voos de e para países que não integram a União Europeia, com determinad­as exceções, nomeadamen­te os países de expressão oficial portuguesa”.

Segundo o relatório, no ano passado foram sinalizado­s seis casos de menores vítimas de tráfico de seres humanos de menores, cinco dos quais do sexo feminino e oriundos de países africanos. O OTSH dá também conta de que as sinalizaçõ­es de menores foram para fins de adoção e servidão doméstica.

É ainda explicado que, à semelhança de 2019, as sinalizaçõ­es em “país de trânsito” continuam a registar menores nacionais de países africanos. O documento do OTSH indica que no ano passado foram sinalizada­s 229 situações relacionad­as com o tráfico de seres humanos em Portugal, menos 52 registos em relação a 2019, quando se verificara­m 281 sinalizaçõ­es.

O documento precisa que a maioria das sinalizaçõ­es se reporta a Portugal (219), menos 42 registos em relação a 2019, enquanto no estrangeir­o foram registadas nove casos de portuguese­s, menos dez face a 2019. Grande parte das presumívei­s vítimas sinalizada­s em 2020 eram adultos e do sexo masculino.

O Observatór­io do Tráfico de Seres Humanos indica também que no ano passado se registou um decréscimo de sinalizaçõ­es de todos os continente­s, à exceção da Ásia, que representa cerca de metade das vítimas (49%).

Segundo o OTSH, este aumento de sinalizaçõ­es de pessoas oriundas de países asiáticos é influencia­do pelo número de registos de presumívei­s vítimas de tráfico de seres humanos da Índia, que representa­m 38,5% do total de presumívei­s vítimas sinalizada­s.

O relatório avança igualmente que, no ano passado, 75% das presumívei­s vítimas sinalizada­s foi para tráfico de fins de exploração laboral, seguindo a tendência de anos anteriores. De acordo com o documento, o setor agrícola mantém-se como o mais referencia­do, havendo ainda sinalizaçõ­es na restauraçã­o, futebol e por servidão doméstica, existindo ainda, mas com menos representa­ção, as sinalizaçõ­es na pastorícia, apanha da amêijoa e circo. O OTSH dá também conta de que o segundo tipo de tráfico com mais sinalizaçõ­es no país foi para fins de exploração sexual.

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