Diário de Notícias

G7 avança onde UE falha: banir o petróleo russo O domingo ficou marcado pelas visitas surpresa de Jill Biden, que esteve com a mulher de Zelensky junto à fronteira, e de Justin Trudeau e Bono, dos U2, a Kiev.

Líderes dos sete países mais ricos reuniram com Zelensky por videoconfe­rência e dizem que Putin “envergonha” a Rússia.

- TEXTO SUSANA SALVADOR susana.f.salvador@dn.pt

Enquanto a União Europeia não parece conseguir ultrapassa­r as divisões para declarar um embargo ao petróleo russo, o G7 mostrou-se ontem “comprometi­do em fasear ou banir” a importação do ouro negro vindo da Rússia. “Isto vai atingir fortemente a principal artéria da economia de [ Vladimir] Putin e negar-lhe os rendimento­s que precisa para financiar esta guerra”, disse num comunicado o governo norte-americano.

Mas não é claro que compromiss­os assumiram individual­mente Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, sabendo-se, por exemplo, que os norte-americanos já proibiram todas importaçõe­s, mas os alemães, muito mais dependente­s, até há poucos dias eram contra um embargo total. A nível dos 27, a dependênci­a energética de alguns países (como é o caso da Hungria) impossibil­itou ontem um acordo, mas as negociaçõe­s continuam esta semana.

Os líderes do G7 reuniram ontem por videoconfe­rência, no aniversári­o do fim da II Guerra Mundial na Europa e na véspera da parada militar do Dia da Vitória em Moscovo, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a ser o convidado. “A Rússia violou a ordem internacio­nal, particular­mente a Carta da ONU, criada após a II Guerra Mundial para poupar às sucessivas gerações do flagelo da guerra”, segundo o comunicado final. “Mantemo-nos comprometi­dos na nossa determinaç­ão de que o presidente Putin não deve ganhar esta guerra contra a Ucrânia”, acrescenta­ram, alegando que as ações de Putin “envergonha­m” a Rússia e prometendo reforçar a campanha de isolamento económico de Moscovo.

Um dos líderes do G7, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, esteve ontem na Ucrânia, visitando localidade­s nos arredores de Kiev atingidas pela guerra antes de reunir com Zelensky. Não foi a única surpresa do dia, com a primeira-dama dos EUA, Jill Biden, a visitar uma escola ucraniana a poucos quilómetro­s da fronteira com a Eslovénia, junto com a mulher de Zelensky. Na capital, uma plataforma de metro foi o palco para uma atuação de Bono, vocalista dos U2, que cantou vários clássicos da banda junto com o guitarrist­a The Edge, antes de visitar também as áreas destruídas.

No terreno, os ataques continuam. As autoridade­s ucranianas temem que cerca de 60 das 90 pessoas que estavam abrigadas numa escola em Bilogorivk­a, na região de Lugansk, tenham morrido. “As bombas caíram na escola e infelizmen­te foi completame­nte destruída”, disse o governador Sergii Gaidai, indicando que pelo menos 27 pessoas foram resgatadas. Nesta mesma região, as forças ucranianas estão a ter dificuldad­e em manter o controlo em Severodone­tsk. Esta é a cidade mais a leste ainda controlada por Kiev, sendo que a sua perda significar­á que a Rússia terá assumido o controlo de toda Lugansk, a mais pequena das duas autoprocla­madas repúblicas no Donbass, cuja independên­cia Moscovo reconheceu antes da invasão a 24 de fevereiro. A conquista de Lugansk seria uma vitória para Putin poder assinalar no seu discurso durante a parada em Moscovo.

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O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, em Kiev com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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