G7 avança onde UE falha: banir o petróleo russo O domingo ficou marcado pelas visitas surpresa de Jill Biden, que esteve com a mulher de Zelensky junto à fronteira, e de Justin Trudeau e Bono, dos U2, a Kiev.
Líderes dos sete países mais ricos reuniram com Zelensky por videoconferência e dizem que Putin “envergonha” a Rússia.
Enquanto a União Europeia não parece conseguir ultrapassar as divisões para declarar um embargo ao petróleo russo, o G7 mostrou-se ontem “comprometido em fasear ou banir” a importação do ouro negro vindo da Rússia. “Isto vai atingir fortemente a principal artéria da economia de [ Vladimir] Putin e negar-lhe os rendimentos que precisa para financiar esta guerra”, disse num comunicado o governo norte-americano.
Mas não é claro que compromissos assumiram individualmente Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, sabendo-se, por exemplo, que os norte-americanos já proibiram todas importações, mas os alemães, muito mais dependentes, até há poucos dias eram contra um embargo total. A nível dos 27, a dependência energética de alguns países (como é o caso da Hungria) impossibilitou ontem um acordo, mas as negociações continuam esta semana.
Os líderes do G7 reuniram ontem por videoconferência, no aniversário do fim da II Guerra Mundial na Europa e na véspera da parada militar do Dia da Vitória em Moscovo, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a ser o convidado. “A Rússia violou a ordem internacional, particularmente a Carta da ONU, criada após a II Guerra Mundial para poupar às sucessivas gerações do flagelo da guerra”, segundo o comunicado final. “Mantemo-nos comprometidos na nossa determinação de que o presidente Putin não deve ganhar esta guerra contra a Ucrânia”, acrescentaram, alegando que as ações de Putin “envergonham” a Rússia e prometendo reforçar a campanha de isolamento económico de Moscovo.
Um dos líderes do G7, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, esteve ontem na Ucrânia, visitando localidades nos arredores de Kiev atingidas pela guerra antes de reunir com Zelensky. Não foi a única surpresa do dia, com a primeira-dama dos EUA, Jill Biden, a visitar uma escola ucraniana a poucos quilómetros da fronteira com a Eslovénia, junto com a mulher de Zelensky. Na capital, uma plataforma de metro foi o palco para uma atuação de Bono, vocalista dos U2, que cantou vários clássicos da banda junto com o guitarrista The Edge, antes de visitar também as áreas destruídas.
No terreno, os ataques continuam. As autoridades ucranianas temem que cerca de 60 das 90 pessoas que estavam abrigadas numa escola em Bilogorivka, na região de Lugansk, tenham morrido. “As bombas caíram na escola e infelizmente foi completamente destruída”, disse o governador Sergii Gaidai, indicando que pelo menos 27 pessoas foram resgatadas. Nesta mesma região, as forças ucranianas estão a ter dificuldade em manter o controlo em Severodonetsk. Esta é a cidade mais a leste ainda controlada por Kiev, sendo que a sua perda significará que a Rússia terá assumido o controlo de toda Lugansk, a mais pequena das duas autoproclamadas repúblicas no Donbass, cuja independência Moscovo reconheceu antes da invasão a 24 de fevereiro. A conquista de Lugansk seria uma vitória para Putin poder assinalar no seu discurso durante a parada em Moscovo.