Diário de Notícias

“A rendição não é uma opção”

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As forças ucranianas entrinchei­radas na siderurgia de Azovstal, último reduto da resistênci­a contra os russos em Mariupol, reiteraram­ontemque não se vão render. “A rendição não é uma opção porque a Rússia não está interessad­a nas nossas vidas. Eles não querem saber se ficamos vivos”, disse o oficial Ilya Samoilenko, do batalhão de Azov, numa videoconfe­rência com jornalista­s. “Nós somos as testemunha­s dos crimes de guerra cometidos pela Rússia”, sublinhou, explicando que os mantimento­s são limitados, mas ainda dispõem de água e munições. “Vamos lutar até à melhor resolução desta situação”, afirmou. Segundo Kiev, todos os civis já terão saído do complexo, tendo sido pedido aos Médicos Sem Fronteiras para retirarem e tratarem os soldados no local.

Sofiia tem 19 anos. Kiril é o seu namorado. É militar e está na Azovstal. “Grande parte das mulheres e namoradas não conseguira­m falar com os seus homens por prolongado­s períodos de tempo, mas na sexta-feira, surgiu uma rara oportunida­de de contactare­m os familiares. Ele apareceu online e conseguiu escrever-me através da sua própria conta o que é raríssimo. A mensagem era ‘Eu estou vivo’ . Eu perguntei se havia alguma esperança (‘luz’) neste processo todo. E ele respondeu que atualmente a melhor ‘luz’ possível é o facto de eles estarem vivos”, conta Sofiia com a voz a tremer. “Eu digo-lhe que é o meu herói e que eles vão conseguir ganhar e ultrapassa­r tudo e que isto tudo vai terminar em breve, que o amo muito e estou a sua espera em casa.” Sofiia relembra que uma das suas mensagens, através de outro número, num tom de brincadeir­a dizia: “Quando voltar vou-me tornar num bêbado ou vou-me casar contigo!”. Mas Sofiia teme que nenhuma das duas possa acontecer. “A cada dia que passa a esperança e positivida­de deles está a apagar-se. Resta-nos um milagre.”

 ?? ?? Zlata, de 7 anos, com o cartaz “Save Mariupol”. O pai é um dos combatente­s que ainda lá está. Anna, de 24 anos, e o filho Sviat, de 6 meses, estiveram dois meses na Azovstal.
Zlata, de 7 anos, com o cartaz “Save Mariupol”. O pai é um dos combatente­s que ainda lá está. Anna, de 24 anos, e o filho Sviat, de 6 meses, estiveram dois meses na Azovstal.

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