Diário de Notícias

Se nos anos 60 eram sobretudo “pessoas iletradas que procuravam fugir da miséria pura e dura ou do regime político”, os novos emigrantes portuguese­s estão à procura dos salários atrativos do Luxemburgo.

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Portugal foi país de refúgio para muitos luxemburgu­eses que fugiram dos nazis,. inclusive a grã-duquesa Charlotte.

moso. “Temos uma grande caixa de luz com as caras dessas pessoas. E nunca estamos a falar de números. Estamos a falar de gente. De pessoas, de crianças, de mulheres, de velhos, de novos. Pessoas que tiveram uma cara, uma vida como nós. O que nos leva a pensar que nem sempre estamos seguros. Ou que nunca estamos seguros”, sublinha Margarida Ramalho.

Mas se estes refugiados não entraram em Portugal, muitos outros conseguira­m. Inclusive a grã duquesa Charlotte. “A grã-duquesa vem com a mãe, Maria Ana de Bragança, filha de D. Miguel, que nunca tinha vindo a Portugal. Vêm com vistos do Aristides de Sousa Mendes. Aliás elas e toda a sua comitiva, que eram para aí umas 70 pessoas.”

Autorizada por Salazar a instalar-se em Portugal na condição de não falar de política, a grã-duquesa Charlotte viveu primeiro em Cascais e depois no Monte Estoril. “É daqui que ela depois vai a Londres fazer a primeira comunicaçã­o através da BBC para o Luxemburgo, explicando porque não regressa”. Nessa altura o Luxemburgo estava nas mãos de um gauleiter, um governador provincial nazi que estava empenhado em fazer daquela a primeira região do Reich livre de judeus. Para Margarida Ramalho, “por muito que vejamos filmes e documentár­ios, por muito que se leiam livros, parece que é sempre a primeira vez. Isto é de tal maneira sinistro e abjeto e incompreen­sível que não tem explicação”.

Quanto à exposição, destaque ainda para a museografi­a da arquiteta Luísa Pacheco Marques que trabalhou a ideia de um Fio Vermelho que nos liga a todos ao longo das nossas vidas. “É um fio invisível. Em que vamos estabelece­ndo laços uns com os outros”, explica Margarida Ramalho, sublinhand­o que esta é a parte mais tridimensi­onal da exposição, que nos faz refletir sobre a nossa maneira de andar pelo mundo”.

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A emigração portuguesa para o Luxemburgo começou nos anos 60, mas prossegue até hoje. Mesmo se os motivos já não são os mesmos.

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