“A crescente pressão das sanções e o aumento da ajuda externa devem criar as condições para que o Kremlin perca qualquer hipótese de sucesso (...) Estamos a entrar numa nova e longa fase da guerra. Temos semanas extremamente difíceis pela frente.”
No telefonema que se prolongou por 75 minutos, Scholz apelou a Putin para “melhorar rapidamente a situação humanitária no terreno e [fazer] progressos na procura de uma solução diplomática para o conflito”. E não só: “Lembrei-o também da responsabilidade da Rússia pela situação alimentar global”, acrescentou o chanceler alemão, que tem mantido várias conversas com o presidente russo desde 24 de fevereiro. O ministro alemão da Agricultura, Cem Özdemir, foi mais direto e disse no início de uma reunião do G7 que o roubo de cereais pelas forças russas no leste da Ucrânia é “uma forma de guerra especialmente repugnante”.
A esse propósito, o chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU, David Beasley, voltou a alertar para o risco de fome para milhões de pessoas se os russos continuarem a bloquear os portos ucranianos do Mar Negro.
Durante a reunião do G7, em Berlim, que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, foram discutidas formas de ajudar a Ucrânia a escoar a produção agrícola e a União Europeia comprometeu-se com mais 500 milhões de euros em ajuda militar. Enquanto Kuleba pedia meios aéreos e lançadores de foguetes, o Bild avançou que o governo alemão planeia enviar o novo (e ainda não disponível) sistema de defesa ar-terra IRIS-T SLM para a Ucrânia, depois de na semana passada ter anunciado o envio de sete obuses autopropulsados. Em definitivo, o governo alemão mudou de tom quanto ao regime russo. O ministro da Economia Robert Habeck denunciou o uso da energia “como uma arma” por parte de Moscovo, horas antes da multinacional Siemens ter anunciado o encerramento das operações na Rússia, e de a Rússia ter anunciado o corte do fornecimento de eletricidade à Finlândia.
É a primeira consequência da declaração de Helsínquia favorável ao pedido de adesão à NATO. Estocolmo deverá seguir o mesmo caminho nas próximas horas, mas o presidente turco não perdeu tempo e ameaçou bloquear o processo, que necessita de consenso entre os 30. Recep Erdogan alegou que os países escandinavos são “quase como casas de hóspedes de organizações terroristas”, referindo-se aos militantes curdos do PKK. Uma situação que irá ser discutida neste fim de semana entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO com os homólogos da Suécia e Finlândia, reunidos em Berlim.