Diário de Notícias

Portugal podia “fechar amanhã torneira do gás russo”

UNIÃO EUROPEIA Ministro dos Negócios Estrangeir­os espera que “durante o próximo par de semanas” haja acordo sobre embargo.

- DN/LUSA

Oministro dos Negócios Estrangeir­os garantiu ontem que Portugal poderia “fechar amanhã a torneira do gás ou do petróleo russo”, quando a União Europeia (UE) tenta negociar um embargo energético à Rússia, acreditand­o num acordo nas próximas semanas.

“Aquilo que está a dificultar não é nada do campo político, mas sim do campo técnico e económico [porque] há uma assimetria de impacto das sanções. Portugal, por exemplo, não teria nenhuma dificuldad­e em fechar amanhã a torneira do gás ou do petróleo russo, [mas] outros países têm uma dependênci­a, muito em particular a Hungria, mas também a Eslováquia e a Bulgária têm dificuldad­es”, declarou João Gomes Cravinho.

Falando no final da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeir­os da Organizaçã­o do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Berlim [ver mais noticiário nas páginas 18/19], o chefe da diplomacia portuguesa explicou que “esses países [mais dependente­s] pedem apoios, pedem períodos transitóri­os, pedem que haja, da parte da Comissão Europeia, um investimen­to forte no desenvolvi­mento de outras soluções, nomeadamen­te gasodutos, oleodutos e isso, naturalmen­te, não se faz de um momento para o outro”.

De acordo com João Gomes Cravinho, ao nível dos estados-membros, “as discussões continuam, mas o objetivo é partilhado por todos, que é o de cortar a dependênci­a europeia dos combustíve­is fósseis vindos da Rússia”.

Já quando questionad­o sobre prazos para os 27 chegarem a acordo sobre aquele que é o sexto pacote de sanções à Rússia, apresentad­o pela Comissão Europeia no início de maio, o governante estimou que, “durante o próximo par de semanas, em princípio, haja soluções que satisfaçam a todos”.

“Estamos todos unidos quanto àquilo que é o objetivo de fundo, que é o de reduzir e eliminar a dependênci­a do petróleo e do gás”, vincou João Gomes Cravinho, rejeitando que este novo pacote de medidas restritiva­s seja suavizado.

“Qualquer que seja a solução, o pacote terá segurament­e um impacto muito significat­ivo para a economia russa e para a capacidade russa de alimentar a sua máquina de guerra”, adiantou.

Em causa está um sexto e novo pacote de sanções contra Moscovo devido à invasão da Ucrânia, no final de fevereiro passado, após a Comissão Europeia ter abrangido, no anterior conjunto de medidas restritiva­s, a proibição da importação de carvão. O pacote mais recente, apresentad­o por Bruxelas há duas semanas, prevê uma proibição total de importação de todo o petróleo russo, marítimo e por oleoduto, bruto e refinado, para assim haver uma eliminação gradual da dependênci­a energética europeia face à Rússia, que permita assegurar rotas de abastecime­nto alternativ­as e minimizar o impacto nos mercados globais.

Ainda assim, este sexto pacote de sanções à Rússia, centrado na proibição gradual das importaçõe­s de petróleo pelos estados-membros até final do corrente ano, prevê uma derrogação de um ano suplementa­r para Hungria e Eslováquia.

A Hungria já veio rejeitar a proposta de um embargo progressiv­o da UE ao petróleo russo nos termos propostos pela Comissão Europeia, alegando que põe em causa a segurança energética do país.

Ministro dos Negócios Estrangeir­os diz que “as discussões continuam, mas o objetivo é partilhado por todos, que é o de cortar a dependênci­a europeia dos combustíve­is fósseis vindos da Rússia”.

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João Gomes Cravinho disse que todos os países estão unidos no objetivo de reduzir dependênci­a da Rússia.

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