Salas da Avenida contra fecho do trânsito
Cinco salas de espetáculo alertam que a “viabilidade económica” pode ficar em causa se o trânsito automóvel na Avenida da Liberdade for encerrado aos domingos e feriados. Moedas vai pedir consulta pública sobre a decisão.
Cinco salas de espetáculos de Lisboa manifestaram-se ontem contra o fecho da Avenida da Liberdade ao trânsito aos domingos e feriados, considerando que a decisão, aprovada pela oposição na câmara lisboeta, “afeta em muito o funcionamento de todos os equipamentos culturais” da zona e ameaça, in extremis, a sua viabilidade económica.
“As salas podem ser privadas de operarem 66 dias por ano (soma dos domingos e feriados), o que poderá significar o seu encerramento por falta de viabilidade económica”, lê-se num comunicado subscrito em nome de cinco “salas da Avenida”: Coliseu dos Recreios, Teatro Tivoli BBVA, Teatro Politeama, Teatro Maria Vitória e Capitólio.
Este fecho ao trânsito, a concretizar-se, “afeta em muito o funcionamento de todos os equipamentos culturais”, referem, lembrando que as cinco salas subscritoras do comunicado têm uma capacidade para oito mil espectadores, “constituindo os domingos e feriados os dias mais importantes, por se poderem realizar sessões múltiplas, atingindo muitas vezes as 22 mil pessoas ao longo do dia”.
O texto acrescenta que é nos domingos e feriados que as pessoas de todo o país têm mais oportunidade de ir a Lisboa para verem espetáculos nestas salas, “frequentemente organizados em excursões, o que contribui decisivamente para a viabilidade económica destes equipamentos culturais e para a dinamização da economia local existente ao seu redor, com evidente destaque para o comércio, hotelaria e restauração”.
O texto lembra o impacto da pandemia de covid-19 nos últimos dois anos na área da cultura, estando agora a atividade “finalmente a retomar”. “Há muitos empregos em situação periclitante e mais este obstáculo poderá ser fatal para a viabilidade futura destes trabalhadores e das respetivas empresas”, escrevem os responsáveis pelas salas, que lamentam não terem sido ouvidos antes de a decisão ter sido aprovada na Câmara de Lisboa e que se tenha avançado com uma proposta destas “sem qualquer estudo ou parecer técnico que a suporte”.
Segundo a mesma nota, os representares dos teatros da Avenida da Liberdade transmitiram estas críticas ao presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), numa reunião na quarta-feira, e “vão pedir audiências aos vereadores da oposição para manifestarem também as suas preocupações”. Moedas, que governa sem maioria no executivo municipal, disse que vai pedir uma consulta pública sobre o fecho ao trânsito da Avenida da Liberdade aos domingos e feriados e estudos dos impactos desta medida aprovada pela oposição, após proposta do Livre..
“E, baseado nisso, poderei ou não tomar essa medida, depois de ter um sustento em termos de dados. Não podemos continuar a fazer política por instinto, isto tem de ser estudado”, afirmou Carlos Moedas.