REINO UNIDO
Primeiro-ministro recusa demitir-se, apesar de dois terços dos britânicos defenderem a sua saída, e quer deixar o escândalo para trás.
Um novo pedido de desculpas, o assumir da “total responsabilidade”, a recusa em renunciar ao cargo e o desejo de deixar para trás o escândalo para lidar com temas como o aumento dos preços ou a guerra da Ucrânia. O tão esperado relatório interno sobre as festas ilegais que ocorreram em Downing Street durante o confinamento foi ontem publicado, mas o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deverá sobreviver ao Partygate – apesar de as sondagens dizerem que dois terços dos britânicos considerarem que se devia demitir.
No seu relatório, Sue Gray, a alta funcionária do Estado responsável pelo inquérito, analisou 15 eventos em Downing Street, com relatos de ocasiões em que os participantes ficaram embriagados, tendo um deles chegado a vomitar, casos de altercações e de festas com karaoke que se prolongaram pela madrugada fora. “Muitos desses eventos não deveriam ter ocorrido”, escreveu Gray, que disse também que houve “vários exemplos de falta de respeito e mau tratamento da equipa de segurança e limpeza”. O primeiro-ministro já pediu pessoalmente desculpa a estes funcionários.
O relatório de 37 páginas inclui em anexo fotografias em que se vê Johnson em alguns desses eventos – foi um dos que recebeu uma das 126 multas passadas pela Polícia Metropolitana que também investigou o Partygate –, mas não aponta diretamente o dedo ao primeiro-ministro. “A equipa de liderança superior, tanto política quanto oficial, deve assumir a responsabilidade”, refere contudo Gray.
Johnson, que encomendou a investigação quando surgiram as primeiras notícias sobre as festas ilegais, admitiu que ficou “chocado” com algumas revelações. O primeiro-ministro é também alvo de uma investigação parlamentar, sendo acusado de enganar o Parlamento quando reiterou em inúmeras ocasiões que todas as regras tinham sido seguidas. “Era o que acreditava ser verdade”, disse. As conclusões de tal investigação normalmente resultam numa demissão, mas Johnson tem-se mantido firme na sua posição de não sair.