Diário de Notícias

Zona Dois. Abrir portas ao talento da periferia para estimular o mercado criativo

Projeto quer revolucion­ar a indústria criativa, promovendo uma maior diversidad­e no acesso ao mercado.

- TEXTO SARA AZEVEDO SANTOS sara.a.santos@dn.pt

Nascido em 2021, o programa Zona Dois quer trazer novas linguagens, visões e perspetiva­s de talento jovem vindo da periferia, abrindo oportunida­des para jovens que, pela falta de alcance e informação, não conseguem vislumbrar uma via profission­al com base nos talentos que já têm.

Wil Carvalho, copywriter criativo na agência David Madrid, e Maria Goucha, diretora sénior de arte na agência AnalogFolk, são os fundadores do Zona Dois e decidiram dar este passo para revolucion­ar a indústria criativa em Portugal. “Decidimos tentar resolver de alguma forma essa questão da ausência de pessoas de origens diferentes no setor criativo nacional. Havia um cansaço por apenas se detetar o problema de falta de diversidad­e, sem se fazer algo por isso”, explica Wil Carvalho ao DN. O facto de não se verem representa­dos nos departamen­tos criativos em que trabalhara­m levou-os a questionar as razões e o que seria necessário para mais pessoas como eles chegarem ali.

O nome do projeto surge das divisões urbanístic­as da cidade “em que a zona 1 é o centro e a periferia a zona 2, 3 e afins. Olhámos para algo que é bastante visível nos transporte­s públicos e achámos que seria claro para nos definir, tanto na intenção como no público-alvo que queremos alcançar”. A principal missão deste projeto é mostrar a estes jovens, que vêm da periferia, que também existem vias profission­ais baseadas no talento e na criativida­de que já têm e que os caminhos que se seguem não têm necessaria­mente de ser uma licenciatu­ra ou um curso do IEFP.

“Hoje, um tik toker pode fazer o branded content de uma marca, um jovem que escreve músicas ou coisas engraçadas pode trabalhar nas redes sociais ou ser redator publicitár­io, o que desenha na mesa ou nas paredes pode ser designer ou ilustrador”, diz Wil Carvalho. O mercado criativo tem espaço e muitos caminhos, mas que precisam de instrução, conhecimen­to e direcionam­ento. No mercado criativo, o Zona Dois quer ter a capacidade de trazer novo talento que, de outra forma, não teria oportunida­des e trazer pessoas com background­s diferentes ,de forma a estimular coisas novas no mercado em Portugal.

O Zona Dois oferece bolsas a estes jovens e mantém um programa de mentoria, dois aspetos que cumprem critérios diferentes e que surgiram “conforme fomos percebendo as nuances do nosso mercado”. A mentoria é dada de forma individual por voluntário­s e é para pessoas que, de certa forma, já sabem o que querem fazer e precisam de um empurrão, seja para construir portfólio, saber o que fazer, como fazer e com quem falar. As bolsas de estudo, em vários cursos, com parcerias e apoio de escolas e universida­des, surgem do facto de os fundadores entenderem que as escolas criativas são caras mas que são uma forma fundamenta­l de ganhar instrução, ferramenta­s, network e construir um portfólio para estar apto para o mercado de trabalho. As parcerias incluem escolas como a Etic, a Lisbon Digital School ou a World Academy.

No primeiro ano de funcioname­nto, o Zona Dois conseguiu colocar 12 jovens a estudar e quatro atualmente já entraram no mercado de trabalho. As inscrições para as bolsas de estudo 2022/2023 estão abertas até ao dia 1 de junho.

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No seu primeiro ano, o Zona Dois conseguiu pôr 12 jovens a estudar.

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