AC Monza fez história com dinheiro de Berlusconi e ADN do AC Milan
ITÁLIA Clube com 110 anos vai jogar a Série A pela primeira vez. Galliani, braço-direito do antigo primeiro-ministro, é o homem que faz andar a máquina, que tem como estrela o português Dany Mota.
Se o AC Milan foi campeão ao fim de 11 anos, o mini-AC Milan (leia-se, o AC Monza) fez história ao subir à Série A italiana pela primeira vez em 110 anos de história. Na época 2022-23 os dois amores de Sílvio Berlusconi vão disputar o mesmo campeonato: “Ainda sou o presidente de clube de maior sucesso na história do futebol mundial. O dérbi com o Milan? Não sei para que lado vai pender o coração, será difícil. Agora queremos um scudetto e depois a Champions.”
O clube da cidade localizada a cerca de 20 quilómetros a nordeste de Milão, mais conhecida por acolher a Fórmula 1, ganhou nova vida e ambição quando em 2018 foi comprado pelo antigo primeiro-ministro italiano (cumpriu três mandatos de 1994 a 2011), que foi dono do AC Milan e chegou a ganhar cinco Ligas dos Campeões e oito scudettos, entre muitos outros troféus, entre 1986 e 2017.
Berlusconi comprou o Monza, então na Série C, por uma pechincha – três milhões de euros – 18 meses depois de vender o AC Milan por 740 milhões de euros. O negócio/projeto nasceu numa conversa de café entre o político e o amigo e aquele que foi o seu braço-direito
no Milan durante 27 anos, Adriano Galliani, o diretor-executivo milanista até 2016, que nasceu em Monza e, como tal, tem uma ligação forte à cidade natal. Para compor o ramalhete, Paolo Berlusconi, irmão de Sílvio, foi nomeado presidente.
O plano sempre foi “atacar a subida à série A”. Sonho colocado em marcha com um investimento de 30 milhões de euros. Começaram por investir 10 milhões de euros para melhorar as instalações, principalmente no Estádio Brianteo e, depois, Galliani tentou convencer Ibrahimovic a reformar-se em Monza, mas viu-o assinar pelo AC Milan, onde se sagrou agora campeão aos 40 anos. A pandemia ajudou à escalada até ao topo. Em 2020, com a interrupção dos campeonatos, o Monza foi premiado com a subida à Série B na secretaria, mas foi no campo que esta época conquistou um lugar entre os grandes do futebol italiano.
Fundado em 1912, após a fusão do Pro Monza e do Pro Italia, em 2019 o emblema da Lombardia deixou de ser Società Sportiva e Dilettantistica Monza 1912 para se chamar Associazione Calcio Monza (AC Monza), por desejo do novo dono, Sílvio Berlusconi. As semelhanças entre rossoneri e bianco
rossi (equipam de vermelho e branco) não podiam ser maiores. Já não é segredo que Galliani espera tirar partido disso, esperando agora que o clube de San Siro empreste o brasileiro Júnior Messias.
O clube só não conseguiu manter o perfil de jogador idealizado por Berlusconi: “O Monza será uma equipa muito jovem, composta apenas por jogadores italianos, com cabelo bem arranjado, sem barba e sem tatuagens. Além disso, não poderão utilizar brincos.
Serão exemplo pela sua personalidade, pois pedirão desculpa se fizerem faltas, tratarão o árbitro como cavalheiros e irão cumprimentar os adversários no final dos jogos.” Era esse o ideal de Berlusconi, na altura em que também definiu que os autógrafos teriam de ser personalizados e não um “rabisco”.
Dany Mota, o goleador
Giovanni Stroppa, antigo avançado campeão europeu pelo Milan, tinha começado a carreira de treinador nos sub-19 rossoneri, mas desde 2009 que lidera um plantel que tem no avançado português Dany Mota o jogador mais valioso (avaliado em quatro milhões de euros) e melhor marcador da equipa (11 golos). O defesa-direito Pedro Pereira, jogador foi emprestado pelo Benfica com opção de compra obrigatória no valor de dois milhões de euros, foi um dos mais utilizados, pelo que deve ter lugar reservado na equipa na Série A.
O AC Monza juntou-se ao Lecce e ao Cremonese, primeiro e segundo classificados da Serie B, que acederam diretamente ao escalão principal, ocupando as vagas de Génova, Cagliari eVeneza, que desceram ao segundo escalão.
Foi numa conversa de café que Sílvio Berlusconi entregou a Adriano Galliani a missão de comprar o Monza por três milhões de euros. Mudou-lhe o nome, investiu 30 milhões e subiu à séria A em apenas quatro épocas.